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Tendências e Empreendedorismo - Gramado como Modelo Palestra

terça-feira, novembro 26, 2002

Compomóvel 2002 - Meus agradecimentos ao Sierra Park
Mandei este email ao Sierra Park, em particular ao Telmo, diretor da Compomóvel:
Amigo Telmo:
Estou ratificando meu agradecimento pela oportunidade de novamente ter participado da Compomóvel.
Como esperado, obtive êxito, durante o próprio evento fechei negócios, vendendo duas coleções, além de contatos futuros e divulgação de meu trabalho.
São eventos com esta seriedade que nos permitem alcançar resultados de satisfação profissional, e reputo-o como o melhor do Brasil nesta condição.
Até o momento são seis as coleções de minha autoria que estarão sendo mostradas nos próximos eventos de Gramado, o que, com a devida humildade e uma pitada de atrevimento, acredito contribuirem para um avanço sentido nos produtos, estilo e qualidade dos móveis de Gramado. E o melhor disso é um detalhe de muita importância: sou desta terra. E reconheço de público em meus testemunhos e palestras, bem como em minha web page, que devo grande parte deste reconhecimento à abertura que o Sierra Park, por teu intermédio proporcionou, a mim, e a outros profissionais que buscam seu espaço.
Estou à disposição, e um grande abraço.
Pacard Designer

quinta-feira, outubro 31, 2002

Criação: A escolha de ser livre
Se eu pudesse aconselhar um jovem designer, diria que nunca aceitasse todos os conselhos sem antes perguntar a si mesmo: "posso saber os atalhos para chegar mais cedo ao fim de meu aprendizado?". Se a resposta for "sim", diria que esqueça tudo o que ouviu e comece a fazer seu próprio caminho, mesmo que pareça mais difícil e seu horizonte inatingível..
Fazer atalhos para chegar a algum lugar não faz sentido quando se trata de criação.
A criação é como uma longa estrada cheia de belas paisagens, curvas, vales, montanhas, desertos, rios, penedos e planícies que temos a percorrer para chegarmos ao sucesso. Se buscarmos atalhos, alcançaremos o resultado, talvez financeiro, mas nunca de satisfação, porque deixamos de ganhar um tempo precioso através da observação, e das belas memórias dos caminhos que percorremos.
Criação é o entrelaçado da percepção e muitas vezes do sacrifício de contornar obstáculos, que nos poderá dar as respostas ao final da trajetória, aliado ao conhecimento das rotas percorridas para que possamos prover ao nosso cliente um mapa mais seguro daquilo que propomos ao final da jornada. E nem sempre os atalhos nos poderão dar esta confiança em nossos resultados.
Persiga sempre os seus instintos, e não se deixe embriagar pelo sucesso dos que o precederam na jornada. Por isso você é um criador, parecido com Deus, que se desejasse uma copiadora teria inventado a xerox muito antes do dilúvio. Mas Deus o fez também criador, e há até quem lhe pague para fazer isso. Por isso, tenha prazer em criar, e não afogue sua intuição nos conselhos de quem tem medo do que é novo, e lhe pede para buscar inspiração apenas "nas tendências do mercado". Você faz a tendência, que o mercado pode aceitar, ou não. Mas daí, é só recomeçar. Faça como Deus, passe um balde d´água e comece tudo de novo. Até acertar. E quando pensar que acertou, de novo esqueça tudo o que fez, e comece tudo outra vez. Um dia chega lá. E se não chegar, que importa isso? Afinal você conheceu as mais belas paisagens que sua imaginação pôde permitir visitar.

domingo, setembro 08, 2002

Tamos aqui, de página novinha em folha, chique no úrtimo
Por enquanto é só um testinho, mas logo vamos restabelecer nossa comunicação again traveis.
Kisses
Pacard Designer

sexta-feira, maio 03, 2002

Ética e Design
Que todo mundo copia de todo mundo, isso já está institucionalizado. Quem sou eu para tentar mudar. Mas que ficaria bem menos indignante se ao menos os que nos copiassem estivem num raio de mil Km ou mais, seria mais confortável e não precisariamos flagrar móveis ou produtos desenvolvidos, suados por nós expostos em vitrines que não tenhamos sequer autorizado ou si consultados.
E quando estes fabricantes são dirigentes de associações profissionais de desefa da ética dos produtos de uma localidade, fica mais feio ainda.
Vamos combinar assim: se quiserem copiar, no blog abaixo tem um link de uma das minhas coleções. Quem quiser copiar, copie. Mas não exponham nas nossas barbas e nem dêem autoria a copistas metidos a projetistas.

sábado, março 16, 2002

Reflexões
Pacard

1 – Os Ventos
Sempre ouvi dizer que a sabedoria morava junto ao silêncio, e resolvi então buscá-la.
Levantei bem cedo, pois o primeiro silêncio anda junto da aurora. Andei no rumo do sol e perguntei à brisa que me acompanhava:
- Conheces a sabedoria?
- Dela ouvi falar- me respondeu.Por que a buscas nesta hora do dia, em que melhor é vagar sem saber onde chegar?
- Porque sei que a posso encontrar e desejo dela sorver graça para minha vida – argumentei esperançoso de pudesse forçar o vento a me conduzir a um ponto de partida.
- Ventos não andam em busca de abstrações – disse com ar de melancolia. Somos a abstração que se pode sentir sem tocar. Somos a metáfora de Deus, porque não nascemos onde nos possam dar nome. Não andamos por caminhos pré-estabelecidos, e desaparecemos sem que nunca tenhamos sido tocados. Somos como o espírito vivo, embora caminhemos como a morte.
Ninguém nos pode guardar. Sabem quem somos só depois que passamos. Somos o passado como vozes do presente. Nos podem ouvir, até mesmo há quem procure traduzir nossas canções, mas frear nosso curso não há quem consiga.
Somos o acalanto dos órfãos. Somos o bálsamo dos que queimam. Somos sopro Deus dando vida. Somos a própria vida.
Enquanto o sol mais alto surgia, devagar como o tempo, a brisa desapareceu. Aborrecido por não ter minha pergunta respondida, me retirei arrazoando com meus pensamentos, trôpego pela embriagante musicalidade da manhã, foi quando percebi que tivera minha primeira lição: A sabedoria é como a brisa mansa. Vem, anda junto e se vai. Dela ficam em poucos, as marcas. Dos que se deixam acarriciar por sua suavidade, como que pelos dedos da brisa nas folhas das árvores.

2 – As árvores
Continuei a caminhar e encontrei uma grande árvore. Já alto o dia, queimavam-me os raios do sol altivo e imponente, como um velho mestre a impor disciplina ao aluno displiscente. Sentei-me à sombra e com jovial ociosidade fitei o cintilar entre as folhas, como se o olhar do velho professor buscasse me encontrar entre as frestas de meu esconderijo.
Era uma castanheira, frondosa, forte, abraçando em círculo com seus braços longos tudo o quando pudese abraçar, como uma mamãe pássaro a envolver seus pintos sob pequeninas asas, mas que se multiplicam de tal modo que nenhum deles perde seu aprisco acolhedor sob a mais intensa chuva ou causticante sol.
Ao lado da castanheira, uma araucária alta, coroada de belas copas ostentando pinhas e balançando uma a uma como troféus por sua imponente forma.
Pousou entre as folhas da castanheira um pequenino pássaro. Quase ao meu lado. Arredio, ligeiro, atarefado em observar tudo ao seu redor como um guradião atenta para o perigo que ronda seu tesouro.
- Conheces a sabedoria? –perguntei ao pardal.
- Como ela é? Tem forma? Sabor? Cor? Pousa em que árvore? Constrói ninhos? Encontra sementes para seus filhotinhos? Banha-se nas fontes e bebe nas folhas? Quão alto voa? Brinca nos ares e voa em bandos? Procura o sul sem repouso em vôos sem descanso? Canta ao amanhecer e repousa com o crepúsculo? Foge dos predadores com astúcia? Etc, etc, etc?
Disse isso e voou dali pousando nos galhos, longe das folhas espinhentas da araucária.
Fiquei estarrecido com tantas perguntas, e enquanto ainda tentava assimilar a primeira delas, acompanhei instintivamente o ir e vir daquele passarinho, até que ele voasse para tão alto e eu não o visse mais.
Assim como chegou, se foi, sem me responder. Apenas fiquei observando o balançar das folhas de ambas as árvores pela brisa que passava, e acompanhar pássaros que iam e vinham, pousando numa e outra árvore. Na castanheira, entre as folhas. Na araucária, sobre os galhos.
Saí dali e contineu a andar. Foi quando percebi que a sabedoria estivera comigo outra vez e eu não havia percebido.
Concluí que como as árvores também podem ser as pessoas: assim as pequenas como as imponentes. Naquelas, cujas folhas pendem para o chão e se deixam soprar pela brisa, outras se podem achegar e construir seus ninhos. Embora imponentes e altivas, suas folhas sempre estão voltadas para baixo, humildes. As demais, cujas folhas também são voltadas para cima, são espinheiros, que não permitem a ninguém se aproximar. Tornam-se intocáveis e inatingíveis.
Olhei para trás, e pareceu-me por um instante ter visto olhos cintilarem entre as folhas que arrazoavam com o vento e os pássaros a respeito da sabedoria.

sábado, fevereiro 23, 2002

Prá gringo ver ( e comprar)

Pacard* - Paulo Cardoso Designer

Inconformado com o fato de que somos insignificantemente pequenos no universo das exportações de produtos industrializados a partir das nossas florestas (de nosso, levam apenas as toras brutas e nos deixam de paga a fama de destruidores da Amazônia, insensiveis, selvagens, etc), conversei com uma amiga, espanhola, agente de exportações para a Europa de artigos brasileiros. Expus a ela minha curiosidade sobre o porquê de não exportarmos mais móveis, se temos tecnologia, matéria prima, mão de obra, preços acessíveis e qualidade. A resposta então veio de chofre (ainda se usa esta expressão?): o Brasil não oferece design. E foi além em sua rude conclusão: "tentei oferecer uma linha para os italianos e espanhóis, e, quando olharam simplesmente disseram que o que eu mostrara eram os modelos que "eles" haviam mostrado nas feiras de Milão, Valência, Frankfurt e Paris nos anos anteriores" - respondeu minha amiga.
Deste fato concluo algumas verdades e uma mentira, mas que por ser tão repetida passa por verdade. A primeira das verdades é que vi muito brasileiro catando catálogos e comprando peças nas feiras internacionais para repetí-las com pequenas modificações, com isso achando que enganam os direitos autorais e os próprios compradores. A segunda delas é que só fabricamos "sapatos" porque todos lá usam sapatos, e com isso nos acovardamos de mostrar que há outras coisas a se fazer com os pés. Só oferecemos o que lá pode ser encontrado no estado original, mas nos falta coragem para mudar conceitos, costumes e produtos.
E a grande mentira é que não temos design. Ora, temos sim senhor. E dos melhores que há no mundo. Mas sabe porque não vendemos nossos produtos com nosso design? Porque eles mentem na nossa cara e nos fazem acreditar que seremos sempre rapa do mundo. E fazem isso tão bem que a grande maioria dos designers brasileiros trabalham quase exclusivamente para o parco (eu disse "parco", com "a") consumo nacional, concentrado nas categorias mais populares.
A grande verdade disso tudo é que o mercado externo gosta da nossa madeira, da nossa mão-de-obra barata, do nosso design até, pois dificil é o concurso em que pelo menos um dos prêmios não seja destinado a um brasileiro, mas a combinação disso tudo é que complica.
Esse descrédito pode ter fim, mas é preciso em primeiro lugar que o empresário tupiniquim acredite que não é brega gostar de verde e amarelo. Brega é precisar demitir funcionários porque não quis investir em mudanças enquanto ainda isso fosse possível. Brega é engasgar ao tentar dizer o nome do designer importado para dar status à sua empresa, enquanto profissionais que falam sua própria língua precisam disputar lugar na fila do chá-de-banco à porta das empresas para tentar mostrar que o cheiro da terra pode até ser perfumado. Brega é chegar no exterior, comprar alguma peça para copiar e depois descobrir que foi produzida pelo seu vizinho, naquela fabriquetinha chinfrim, cuja conseguiu enfiar meia dúzia de produtos num balaio promovido pelas feiras comunitárias que o governo costuma subsidiar, e depois acabar esquecida nos relatórios empoeirados das estatísticas de fornecedores de trabalho barato, e com isso se achando mega exportadores.