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Tendências e Empreendedorismo - Gramado como Modelo Palestra

segunda-feira, dezembro 06, 2004

Histórico

Pacard (Paulo Cardoso) Designer, autodidata, 47 anos de idade e mais de trinta de atuação no setor moveleiro, deve sua formação à Gramado, RS, onde foi aluno de A.D. Orlikowski e Elisabeth Rosenfeld.Consultor de empresas, ilustrador gráfico, escritor e miniaturista, Pacard atende atualmente a cerca de 30 empresas de Gramado, e presta consultorias à Universidade de Caxias do Sul através do Escritório de Tranferência de Tecnologia, e ao SEBRAE. Participou de vários eventos nacionais e internacionais do setor moveleiro, e em 2004 terá cerca de 650 produtos em lançamento em feiras e mostras no Brasil. O amor ao trabalhoEm sua escalada à paixão pela criação de produtos direcionados a grande massa de consumidores, Pacard não esconde seu amor adquirido nesta caminhada, pelo design de interiores, ou na sua linguagem informal: Planejamento de vida em família. Seu primeiro trabalho foi para o Governo Federal em 1976, e desde então, trilhando sempre sozinho e com os tropeços necessários para sua maturidade profisisonal, abocanhou muitos ítens para seu currículo, entre os quais:
Milhares de projetos de móveis sob medida (onde o projetista se torna decorador pelo mesmo preço);
Casa Cor-SC 98 ( Loft), dezenas de feiras com projetos de estandes;
lojas, residências, jardins, eventos, etc. Em 1989, conheceu Milão e quase fica por lá. Mas Gramado venceu e o coração falou mais alto. Ah, sim. Pacard ainda não ficou rico. Sugestões para que isso se cumpra, escreva para pacard@hy.com.br, ou comercial@pacard.com.br e envie a quantia que desejar para encurtar o caminho.

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Sábado, Dezembro 04, 2004 >>" target=_blank a Emulator<>Open>Terça-feira, Novembro 23, 2004 >>Nem anjos e nem demôniosPacardTenho conversado com colegas designers do setor moveleiro, seja no encontro de Curitiba, seja pela internet, ou pessoalmente, e depois das cordiais apresentações e tapinhas nas costas,a pergunta: “Como está de trabalho?”. A resposta é quase unânime, e se não isso, caminha nessa direção: “um ano muito difícil”.Mas não é preciso ser designer para dar essa resposta, basta ser brasileiro e isso sai ao natural.Falemos então de design, de móveis.Design é na cadeia de necessidades da industria moveleira, de acordo com o pensamento “clássico”, o topo da pirâmide, e os investimento nessa área, não passa de disponibilidade ou sobra que permita o “status” para campanhas publicitárias ou institucionais. Naturalmente há exceções, mas via de regra, em crise ou aperto, o primeiro corte é no topo da pirâmide, ou seja: nós!Mas por que isso ocorre? Por que o designer anda sempre com o coração na mão? Por que não é comum que um designer dê continuidade a um trabalho numa empresa até atingir o padrão de qualidade desejada e com isso projetar seu talento e promover o acréscimo nas vendas, garantindo empregos e crescimento econômico e social? Por que há resistência (e muita) à inovação? E quem é o responsável por promover ou frear a mão do designer no processo de criação?São muitas perguntas, e para respondê-las é necessário que entremos numa questão importante: O DESIGN BRASIL. Afinal, o que é o tão falado “DESIGN BRASIL“?O nome assim o diz: é prover uma identidade ao que se desenha para a industria . Mergulhar na essência da alma brasileira . Colocar a luminosidade, a alegria, a espontaneidade e a pureza dos valores da nossa terra no armário, na cristaleira, na cadeira, na mesa e principalmente na cama . Mas não é só isso. É mais. Falar em "Design Brasil" é dar a quem cria a liberdade de dizer o que o Brasil tem de melhor. Pelo menos em teoria, porque na prática não é o que acontece.Vou aos fatos: o primeiro diz respeito ao corte de design em crise. Nada mais natural que quando o céu escurece, primeiro se procure a direção de casa, a segurança. No caso do setor moveleiro, o porto seguro sempre será o patrimônio mensurável: aquele que pode ser pesado, medido, embalado e estocado. Idéias são virgulas, e virgulas jamais serão pontos. No máximo, reticências. Preocupar-se com a cobertura do bolo antes do recheio é o que parece mover a opinião do empresário a descartar investimentos em idéias (além do que, copiar é tão mais fácil), até que a tempestade se acalme. Vento pela cauda, é o que se espera de investimentos em idéias enquanto há uma turbulência lá fora.Enquanto isso, o designer tem que ir cantar noutra freguesia. Garimpar noutro rio. E até fazer outras coisas para pagar as contas e colocar pão à mesa.Mas por que não há continuidade? Será incompetência do designer, que foi incapaz de criar algo que agradasse ao consumidor e provesse lucros à empresa?Vamos pensar assim: há muitas maneiras de se prestar serviços a uma empresa. A segunda é na condição de liberdade e independência. O profissional é contratado por uma tarefa determinada, cumpre seu contrato e vai embora. Poderá ou não ser chamado depois. A primeira (eu inverti a ordem de propósito) é a mais cômoda: tornar-se empregado e prestar exclusividade à determinada empresa, por tempo indeterminado. Coleira. Prático, permite em muitos casos que o profissional trabalhe livre, crie, evolua, faça laboratório, enfim, exerça suas habilidades e evolua seus talentos. As vantagens estão na estabilidade econômica e principalmente nas possibilidades de acompanhamento de feiras e cursos no Brasil e no exterior.A desvantagem desse sistema é uma só: o designer não assina seus trabalho. A assinatura é da empresa. E aí está o primeiro absurdo: Design é criação: Criação não é repetição, mas vem da alma, da experimentação, da busca pelo inusitado, da quebra de paradigmas, da exploração do desconhecido, e disso a transformação em objeto dos desejos, que poderá tornar-se um clássico ou não. Isso é o que menos importa. O que importa é que ali houve uma parte da essência divina, pois a capacidade de criar e de questionar é o que nos aproxima do Criador, quando exercemos o nosso livre arbítrio.E ao que me conste, uma empresa não foi criada à imagem e semelhança de Deus. O homem sim. O designer é um homem (antropológico). Portanto é ele quem deve assinar pela criação do produto. E isso já acontece na industria quimica, na engenharia, na medicina, no direito, no jornalismo, menos no design. A lei não permite que o responsável pela farmácia seja o dono, exceto que seja ele um farmaceutico. Nem permite a lei que a farmácia, como corpo jurídico, assine por si mesma. Seria como se o vaso pulasse da mão do oleiro e se completasse sozinho. Seria um homem, se não chegasse a ser um deus se isso acontecesse. Mas um vaso é apenas um vaso. E uma empresa, por maior que seja, será uma empresa. Mas um designer é muito mais, pois é um criador.Mas ainda não respondi: por que a falta de continuidade? Serei objetivo agora: Há passos no design:1 - Contratar o designer2 - Criar3 - Confiar no que foi criado, avaliada a experiência ou capacidade do profissional sugerido4 -Lançar ao publico (lojista) para que este decida o que vai comprar (naturalmente no processo de criação há o acompanhamento da produção e produtividade, embora isso seja tema para outro artigo).5 - Descarte dos produtos não aprovados e ajuste dos que necessitem para a produção seriada.Mas o que acontece:1 -Contratar o designer2 -Determinar o que o designer vai criar, entupindo-o de fotos, recortes de revistas, e os próprios produtos3 - Desconfiar sempre dos conhecimentos daquele sujeito "esquisito" que quer botar abaixo tudo o que já foi feito, e manter um pé atrás quanto ao que for produzir.4 - Chamar os representantes para que "ajudem" a escolher os novos produtos.Como avalio este processo:Ao contratar o profissional, seu curriculo e sua apresentação já deverão ser avaliados antes da assinatura do contrato.A postura do profissional, se é comprometido com o acompanhamento da prototipagem; se oferece respostas convincentes sobre seu trabalho e se conhece o perfil do consumidor a que se destina o trabalho proposto.Uma conversa franca com o profissional e uma vistoria às instalações permitirão que o designer faça seu próprio diagnóstico do que vai encontrar e como vai proceder em sua linha de atuação naquela empresa. Design é personalizado. Sempre. Então uma empresa é diferente da outra e deve ser tratada como tal. Deve ser respeitada sua individualidade. Por ambas as partes.Quanto aos representantes, serei odiado pela classe, indispensável ao sangue que circula nas veias do país. Homens de frente e incansáveis embaixadores das industrias junto aos temíveis compradores, e conhecedores profundos dos chás-de-banco tão normais nessa profissão.Mas nem sempre, e na maioria das vezes, temíveis e paradoxais freios-de-mão da inovação. Paradoxal porque estão sempre exigindo novidades. De outro lado, porque quando se defrontam com o que é realmente novidade, e que tais novidades não as têm visto nas lojas de seus clientes, nem de sua empresa, nem da concorrência, puxam o freio de mão e optam por não mudar o que já vem dando certo. E estão certíssimos nisso. Em time que ganha, etc..Menos numa coisa: não se mexe em time que está ganhando (alguém tinha que dizer isso ao Grêmio, que eles PODEM E DEVEM MEXER naquele time).Mas e quem disse que é para mexer na coleção que está vendendo? Eu não ! Jamais faria isso. A coleção de produtos que está vendendo, deve continuar vendendo. Mas um dia ela vai parar de vender, porque todos vão querer produzir a mesma coleção (ou estão esquecendo dos que copiam tudo o que dá certo?). E quem produz depois, em geral produz mais barato, sonega impostos, faz qualquer coisa para desafogar o estoque. E faz. São os aventureiros. Não têm compromisso social, não têm preocupação com os empregos instáveis que geram e nem o terão jamais. Numa virada de vento, fecham as portas e investem em águas mais tranquilas: galinha caipira, talvez. Ou imóveis. Ou o que der melhor e mais rápido.São os primeiros a falar mal do governo, dos impostos (verdade, se colocassem em dia o que já sonegaram, seria um caos),e principalmente dos empregados, que na opinião destes (maus empresários) são uns "chupins", não se importam com a empresa, que numa crise abandonam o barco, e blablablá. Devolvem com a mesma moeda.E o pobre do designer, esse nem se fala. Ai dele que apareça numa empresa numa época de crise. E se estiver de carro novo, pior ainda. E se estiver bem vestido, então é um esnobe. E "nunca", "jamais, que dinheirinho suado vá parar nas mãos desses "artistas malucos", que "querem mudar tudo". E assim caminha a humanidade.Qual o caminho do equilibrio?1 - Ouvir o consumidor2 - Ouvir o lojista3 - Permitir ou exigir do designer que faça também esse caminho4 - Permitir que o designer crie5 - Analisar o processo produtivo, custos, e apostar no trabalho, levando a maior quantidade possivel de produtos para as feiras6 - Deixar que o mercado selecione o que deseja comprar.Este ainda não é o caminho da felicidade suprema. Mas aponta na direção.Concluo achando que os designers não são anjos nem demônios. Apenas pensam diferente. E querem trabalhar.Pensem nisso.Terça-feira, Setembro 21, 2004 >>A Saga de Balaão (o teimoso como uma mula)Apresentando:Balaão, no papel de balaão (o teimoso como uma mula)Mula Pocotó (a teimosa como um Balaão)Balaque (o balaqueiro)O Anjo que mostra quem é que mandaAto 1Narrador:Tendo partido os filhos de Israel, acamparam-se na Campinas de Moabe, além do Jordão, na altura de Jericó, logo depois da terceira curva, antes da encruzilhada logo acima duma...ah..vocês nem sabem mesmo onde isso fica.....Daí, como eu dizia, viu pois Balaque (o balaqueiro), filho de Zipor, sobrinho do tio que era irmão do primo dum cunhado (que não era parente, pois cunhado não é parente), tudo o que Israel fizera aos Amorreus...Nãaaooo...genteeeee. deixa eu te contar.. eu vou contar, porque eu A-DO-ROOO contar. Meu nome é FO-FO-CAAA!Moisés, sob o comando do Senhor, Deus de Israel, literalmente ES-BO-DE-GOU, esgualepou, cascou em cima dos amorreus, tanto que amorreu tudo.Isso fez com que o rei Balaque, rei dos moabitas, se borrasse todo, com medo. E sabe como é: quem tem rei, tem medo. Aí o que fez balaque? Bolou um jeito de botar freio no povo de Israel.Balaque:Oh, dia, oh, vida, oh dor.Ai, pobre de mim, como sooofrooo. Ser ou não ser: Eis a questão. Que dilema cruel: Se correr o bicho pega. Se parar o bicho come. O que fazer? Quem me livrará, a mim e ao povo de Moabe de um destino tãaaao “Ca-rru-eelll”?Entra Balaão, vestido com a camisa do grêmio:A-háaa. Não contavam com minha astúcia. Eu o salvarei: o Balaão coloradoo.Balaque:Ué, mas você ta com a camisa do grêmio?Balaão:Ah, é que tava escuro e eu precisei duma lanterna.Balaque:Ué? Como você soube tão rápido que eu ia te chamar?Balaão:Ah, eu recebi um e-mail que dizia: “Trabalhe em sua própria casa ganhando 3.657,99 ao mês. Não é venda. Seja dono de seu próprio negócio. Fale com Balaque (o balaqueiro). Aí vim correndo.Balaque:Ah, ok. Então. Você sabe como é: os tempos andam bicudos e a gente tem que garantir o pirãozinho das crianças. E tem uma galera muito irada zuando no cafofo de Basã. Daí, a galera ta achando que Moabe vai ser a bola da vez. E a gente soube que a força deles está no Deus deles, que os protege, porque eles tem um profeta.Balaão:Aí. Pode crê, merrrrmão. To sabendo.Balaque:Aê. To sabendo que tu ta sabendo. Daí to sabendo que tu também é profeta e, sabe como é, mano: tou te dando um lance pra agitá um troco legauzinho. Jogo limpo. Não é muamba. Tu só tem que rogá umas praga pra rapeize coisa pesada. Ta limpeza?Balaão:Aê, né. O lance da grana ta legauzinho. Mas tu tem que pagar despesa de transporte, o lance de férias, 13º salário, auxilio doença, fundo de garantia, e vale refeição.Balaque:Ta limpo.Balaão:Manêro.Entra a mula:“Pocotó, pocotó, pocotóA mulinha pocotó.”Ah, que dia manêro pra pega uma onda lá na Brava. É hoje que eu não faço nada.Balaão:Ô mula. Pode tirá teu cavalinho da chuva, que arranjei um trampo. Têmo que amaldiçoar Israel. Bâmo, mula.MulaMáaaas NEM MORTA, lindão. Mas eu não vou é MESMO. Tenho coisa melhor pra fazer. Magina, logo eu, servir de burro de carga prum cara mais burro que eu amaldiçoar o povo de Deus.Mas tu bebeu o que, que eu também quero, heim?Burro! Não vou, não vou e não vou! Daqui não saio, daqui ninguém de tira.Balaão:Mas que mula tão teimosa. Ô mula: ô tu vai comigo, ô eu puxo de meu sabre de luz vermelho de raios ultra mega jupiterianos e te transformo numa lagartixa piolhenta!Mula:Vem. Vem. Vem, se tu é bem homi. Vem que eu te dou um pedal e te faço lambê o chão.Balaão:Eu te pego, nojenta! Só porque tu fala, pensa que manda em mim? É nisso que dá. Mal começou a falar e já quer mandar. Daqui a amanhã, vai querer votar. Vê se pode.Mula:Não me peeegaaa..não me peee-gaaaa!Entra o Anjo empunhando uma espada:Schhhhhhhhhxxpt. Pronto! Pronto! Cabô a encrenca..amigos..amiii-goss...isso..abraça agora..isso: BUNIIIIÍIITTTOOO!(Os dois ficam caladinhos, lado a lado, de cabecinha baixa e o anjo dá um biscoitinho pra cada um e passa a mão na cabecinha deles)Então olha para Balaão e diz:Anjo:Mas que verrrgooonhaaa. Que coisa mais feia de se fazer. Vai já lá e abençoa o Povo de Israel, senão tu vai ver o que é bom pra tosse, nojento.(Bate com a espada em Balaão)Narrador:E assim, o feitiço de Balaque (o balaqueiro), rei de moabe se voltou contra o feiticeiro. E Israel foi abençoada em vez de amaldiçoada.E Balaão e a mula voltaram para sua terra e abriram uma sorveteria.E Balaque viu só o que era bom pra tosse.Quarta-feira, Junho 30, 2004 >>“Mas eu sei em quem eu tenho crido”o Mc, 14: 68 - “Mas ele negou dizendo: não O conheço. Não sei o que dizes”o Os versos seguintos nos afirmam que por mai duas vezes O negou dizendo que não conhecia ao homem que estava em julgamento.o Mc, 14:10 –“E Judas Iscariotes, um dos doze, foi ter com os principais dos sacerdotes para lhø entregar”.o Se nós resumirmos o pensamento histórico e entendermos a correta colocação dos textos neste evangelho, vamos ver que à fria letra dos relatos, há um sentido mais profundo por trás dos textos que nós acabamos de ler.o Quando o historiador conta os fatos de um acontecimento, e este historiador se encontra dentro do cenário destes acontecimentos, muitas vezes ele coloca o que vê, o que ouve e se ocupa em relatar as coisas como são do jeito que estea vendo naquele momento.o Mas há outra forma de se descrever um fato, que é estando for a do cenário dos aconteciimentos.o AUTOR. Marcos, o filho de Maria, de Jerusalém, At 12:12.o Antiga tradição afirma que Marcos foi um companheiro de Pedro, razão por que este livro é chamado de O Evangelho de Pedro por alguns escritores antigos. É geralmente aceito que Pedro tenha proporcionado ou sugerido grande parte do material encontrado no livro.o QUANDO FOI ESCRITO : 50 - 60 A.D.o TEMA PRINCIPAL. Cristo, o incansável servo de Deus e do homem. o A vida de Jesus é descrita como sendo cheia de boas obras. o Seu tempo de oração era interrompido, 1:35-37 . Algumas vezes não tinha tempo nem para comer, 3:20 . Pelo fato de atender a contínuos chamados para o serviço, seus amigos diziam que ele estava fora de si, 3:21 . As pessoas o buscavam quando ele queria descansar, 6:31-34.o PARTICULARIDADES. É o mais curto dos quatro evangelhos. • estilo é vivo e pinturesco. Grande parte do tema está também em Mateus e Lucas, mas não se trata de simples repetição, pois Marcos contém muitos detalhes que não aparecem nos outros evangelhos. o Como o Evangelho de João, Marcos também começa com uma declaração da divindade de Jesus Cristo, sem, contudo, se estender nesta doutrina. o Um cuidadoso estudo do livro revela, sem dúvida, que o objetivo do autor é o de ressaltar as obras maravilhosas de Jesus, em vez de fazer afirmações freqüentes que testifiquem da sua deidade. o Muitos toques pessoais se encontram neste evangelho, como "vivia entre as feras", 1:13; "aos quais deu o nome de Boanerges, 3:17; Jesus "indignou-se", 10:14 ; "e eles se maravilhavam", 10:32 ; "A grande multidão o ouvia com prazer", 12:37 ; etc. o Embora ressalte o poder divino de Cristo, o autor alude com freqüência aos sentimentos humanos de Jesus: sua decepção, 3:5 ; seu cansaço, 4:38 ; seu assombro, 6:6 ; seus gemidos, 7:34 ;8:12 ; seu afeto, 10:21. o Mateus olha para trás e se ocupa principalmente das profecias objetivando os leitores judeus, e dá muito espaço aos discursos de nosso Senhor. o Marcos é mais condensado. Ele diz pouco acerca das profecias e apresenta um resumo dos discursos, mas enfatiza as obras poderosas de Jesus. o Os dezenove milagres registrados em seu curto livro demonstram o poder sobrenatural do Senhor. o Oito deles provam seu poder sobre as enfermidades, 1:31,41 ;2:3-12 ;3:1-5 ;5:25 ;7:32 ;8:23 ;10:46 .o Cinco demonstram seu poder sobre a natureza, 4:39 ;6:41,49 ;8:8-9 ;11:13-14. o Quatro demonstram sua autoridade sobre os demônios, 1:25 ;5:1-13 ;7:25-30 ;9:26. o Dois demonstram sua vitória sobre a morte, 5:42 ;16:9.o **********************************************o Mas não é sobre Marcos que eu quero falar nessa reflexão e sim sobre os dois primeiros personagens que encontramos na leitura: Pedro e Judas. E talvez eu devesse incluir outros discípulos, como João, Tomé, mas nós vamos ver isso no contexto deste tema.o Como eu disse antes, quando o historiador vivencia os fatos, ele descreve apenas o que vê. Quando é um pesquisador, ele já analisa os fatos. Mas sempre se prendendo ao que encontrou nos testemunhos.o Mas existe um outro tipo de história,que é chamada de META-HISTÓRIA - a História atrás da história- mais elaborada, mais minuciosa, que analisa os SENTIMENTOS e as RAZÕES de determinadas atitudes dos personagens envolvidos na trama dos acontecimentos, baseado na análise de comportamento desses personagens.. E é isso que nós vamos fazer aqui hoje: vamos buscar entender o que se passava no coração de Pedro e de Judas, que os levaram a agir como agiram na noite do julgamento de Jesus. E porquê tiveram um desfecho tão diferente um do outro.o É comum e barato à história resumir asim os fatos: Judas traíu Jesus. É simples. Mas foi isso mesmo o que aconteceu? Na prática foi, mas na mente de Judas, não é tão simples assim. Na mente de Judas..bem..vamos ver isso adiante.o Pedro MENTIU quando negou a Jesus?o Judas queria ver Jesus na condição que viu quando O entregou a sinédrio?o Vamos voltar um pouco no tempo. Poucos dias são suficientes: menos de uma semana.o Vemos Uma cidade inteira posta em fila, se aglomerando, se erguendo na ponta dos pés para ver melhor. Vemos uma multidão, e era uma imensa multidão, pois era a comemoração mais importante de Israel de todos os tempos: a maior de todas as festas e a esta festividade ninguém poderia faltar, pois ela simbolizava a UNIDADE daquele povo enquanto nação escolhida de Deus.o Estava portanto Jerusalém apinhada de gente vinda de todos os lugares. E esta gente toda tinha um motivo ainda mais especial para estar ali naquele dia, pois todos tinham ouvido falar de um Homem que num simples toque, que por uma única palavra, que por um olhar mais profundo, era capaz de aliviar a dor, ressucitar os mortos, perdoar pecados, calar tempestades.o Jerusalém não era naquele dia apenas o centro espiritual de Israel, mas era o refúgio a todo coração cansado.o Jerusalém era o ESTRADO dos Pés do Deus vivo. E quase todos criam nisso. E quase todos queriam estar ali quando o Filho do Deus vivo pudesse andar por aquelas ruas. E quase todos queriam estender os seus mantos festivos para que a jumentinha pisasse sobre eles, pois sobre ela estava o Criador de todos os mundos.o E quase todos estendiam palmas, um símbolo de boas vindas dados aos reis. E ali estava um Rei. Não apenas o rei profetizado e alvo da esperança de Israel, mas o rei dos Reis, o Senhor dos Senhores.o Aquele era um dia solene na vida e na história daquele povo.o E aquela era uma oportunidade única, quem sabe se até profetizada para o cumprimento das profecias de Isaías, e Aquele era sem a menor sombra de dúvida, o Emanuel predito, o Deus Conosco, Forte, maravilhoso, o Desejado de Todas as Naçãos, o Príncipe da Paz.o Quem estivesse ao Seu lado, quem O precedesse e quem seguisse os Seus passos, certamente governaria sobre este reino.o E quem estava ao Seu lado? Quem eram os Seus amigos e dedicados seguidores, senão os doze apóstolos escolhidos pessoalmente por Ele. Não impostos, não indicados, não eleitos pelo povo, mas escolhidos e convocados pela autoridade do próprio Filho de Deus? E entre os doze, quem mais confiável, quem mais responsável e capaz do que aquele que jurara insistentemente seguir até à morte e amar com sua própria vida, do que Pedro, cujo nome mudara, crescera diante da missão que lhe era confiada?o E quem mais capaz de governar ao lado do Messias do que o tesoureiro da comitiva apostólica, Judas Iscariotes?o Diante deste pensamento, e era este o pensamento que adornava o coração destes dois personagens durante aquela festividade, o cenário estava preparado para que finalmente o grande milagre de Jesus pudesse ser manifesto.o E este pensamento não era infundado, porque o próprio Jesus mesmo havia dito que mesmo destruído o templo, em Três dias com Seu poder o levantaria. E o que era o templo para os judeus senão a marca viva da presença de Deus entre Seu povo?o E este pensamento adornou a cobiça de Judas e de Pedro. E uma mostra disso é que o próprio Pedro, dias antes manifestara a Jesus a idéia de que poderia ser Rei em Israel no momento que desejasse. Foi quando Jesus disse: “Afasta-te de mim, satanás”.o Andemos agora ao momento qu que Jesus disse a Judas:”O que tens a fazer, faze-o depressa”.o Judas entendeu isso como um sinal de Jesus. Não ouvia mais o que Jesus dizia, mas apenas a sua própria cobiça. E Judas dirigiu-se aos Sacerdotes e combinou a entrega de Jesus.o Mas por que ele fez isso, se sabia que intentavam contra a vida do Mestre?o Porque estava viva em sua mente a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, e tinha plena convicção que ninguém ousaria enfrentar o povo, porque o povo mesmo O aclamara rei.o Judas imaginava que os sacerdotes poderiam fazer com Jesus aquilo que os discípulos não conseguiram: comovê-lO a aceitar o posto e destronar Herodes, que nada mais era do que uma “vaquinha de presépio” dos romanos. E o resto da história voces conhecem bem.o Voltemos a Pedro. Pero talvez não tivesse a mesma ganância de Judas, e sabemos que Pedro nnao era d forma alguma um covarde. Pedro era um home forte, e o fato de ter decepado a orelha do soldado poucas horas antas, demontra que era acostumado ao uso da espada. E estava realmente disposto a morrer pelo seu Mestre.o Então, o que havia mudado no coração de Pedro para negar a Jesus, e nnao apenas uma vez, mas por três vezes seguidas?o E agora vem a surpresa: Pedro não mentiu!!!!o Quando questionado pela empregada, primeiro, e pelos soldados, mais tarde, Pedro olhava lá dentro e via um homem resignado, humilhado e sofrendo constantes humilhações, apanhando, sendo torturado, cuspido no rosto, e cuspir no rosto é até hoje uma afronta impagável..este era o cenário que era mostrado a Pedro.o E Pedro não reconheceu naquele homem de dores à sua frente, descrito por Isaías como uma raiz retorcida, o mesmo e poderoso Jesus que o fizera andar sobre as águas. O mesmo Jesus que levantara sua sogra com um toque de mãos. Que calara uma tempestade e que enfurecido e sozinho entrara no templo e com um azorrague na mão expulsara uma legião de vendilhões inescrupulosos que maculavam a Casa de Deus.o Pedro vê um home calado, ensangüentado, tremendo como uma ovelha diante do seu matador. Pedro talvez tenha conseguido ver rosto de Jesus e Seus olhos quase fechados, inchados de tanto apanhar…e sem esboçar nenhuma reação.o Aquele não era, segundo o coração humano de Pedro, o Jesus que ele conhecera.o Pedro não conhecia aquele Jesus. E de fato, em todos os anos que esteve ao Seu lado, em todas as jornadas, Pedro não havia conhecido a Jesus. o Pedro e Judas simbolizam a todos nós hoje, que estamos na igreja, mas não conhecemos a igreja. Que estudamos a biblia, mas não conhecemos a Palavra de Deus. Que pregamos o conhecimento que temos das maravilhas de Deus, mas não temos um relacionamento com Deus.o Pedro e Judas andavam lado a lado com Jesus, mas nnao conheciam a Jesus.o A finalidade desse estudo não foi a de trazer respostas ou apontar verdades, mas de nos levar à uma profunda reflexão acerca do relacionamento que estamos tendo com Jesus e se estamos verdadeiramento conhecendo a Jesus.o Nós conhecemos a Jesus?Domingo, Junho 27, 2004 >>As três amigas - Capitulo 1Paulo CardosoUma era baixinha e tagarela. Morena e bem torneada. Chamava-se Bertúlia. Era a mais despachada da troupe. Filha de um gaúcho autêntico, estancieiro e tradicionalista O nome era estranho. Bertúlia. Bem diferente mesmo, mas fôra engano do escrevente no cartório, pois o nome certo era: “Tertúlia”. Não era um nome lá muito ortodoxo, mas, por amor à tradição, tudo valia.Outra era uma italianinha, Berenice, olhinhos verdes e cabelos compridos loiros. Nariz afilado e lábios finos. Magra, muito elegante e que sabia vestir-se como seu porte exigia. Falava pouco, mas sabia lançar olhares que falavam por mil palavras.E a terceira, era a mais misteriosa de todas. Alta, esguia e sorridente. Descendente de poloneses, chamava-se “Roswitha”. Com tê agá mesmo. Era assim. Dava um nome misterioso. Sua pronuncia lembrava chá de raiz de rosas com licor de aniz numa tarde de outono entre folhas de plátano esvoaçantes. Ou coisa assim. E eram inseparáveis. Unha e carne. Tampa e panela. Lula e Zé Dirceu. Essas coisas inseparáveis. Essas amizades intermináveis.Era tudo junto o quanto faziam: noitadas, jantares, trabalho, faculdade, gatos. Nada era de ninguém e tudo era de todas. Mesmo. Isso desde remotas lembranças, porque um dia juraram amizade eterna. Era um pacto. Uma aliança interminável, fosse o que fosse que se interpusesse entre elas.Isso durou muito, e seria mesmo eterna essa aliança se não fosse o “Vergamota”. O Vergamota, sim senhor. Esse mesmo. Não estou falando de ninguém mais ou de algum homônimo. Era mesmo o Vergamota. Aquele incorrigível anão. Pequenino, mas tanto, que sentadinho no chão, as perninhas ainda continuavam balançando. Desbocado e fedorento. Analfabeto, linguarudo e sem um mínimo de educação. Civilidade nenhuma mesmo. Pois é esse mesmo. O Anão Vergamota. A piada do circo. O insuportável rufião dos becos nauseabundos da Rua Trinta e Três. Famoso “Beco do Salsa”. Era ali o território de domínio do temido Vargamota. Era ali o lugar onde pessoas de bem jamais poderiam imaginar em passar. Era ali que governava a sinistra criaturinha de cinco dentes, um olho vazado e um insuportável cheiro de gambá.Mas Vergamota continuava seu minusculo império da malandragem sem a menor preocupação, por uma razão muito simples e delicada: ele havia salvo “O Hôme” de uma situação vergonhosa, quando a polícia caíra torrencial sobre a vadiagem na busca de um fugitivo perigoso. E a primeira açãoo policial foi sobre a sala rosa, da casa da Gorda. E quem estava ali, refestelado e duro de bêbado, ERA o “Hôme”. E o Vergamota sabia. Então o que fez? Fez o que devia fazer. Armou um sururu pessoalmente com duas protegidas, promovendo um escarcéu que despistasse por uns instantes a ação policial, chamando a atenção sobre seu feito, enquanto os assessores retiravam por uma porta dos fundos o “Home”,sumindo com ele pelas sombras e evitando um escândalo maior. Naturalmente, Vergamota foi preso. Levou uns bifes nas fuças, mas em menos de dois dias estava livre e com salvo-conduto no governo de seu reduzido feudo marginal.Foi num daqueles trabalhos de faculdade, acho que de Sociologia, que as três amigas tiveram que se embrenhar beco adentro para levantar umas estatísticas sobre mães solteiras. Fácil, fácil, no Beco do Salsa, pois ali viviam pelo menos umas cinqüenta. E de menor, acho que por volta de trinta delas. Mas não era tão simples assim entrar nos domínios do Vergamota sem um salvo-conduto do próprio. Foi preciso muito jogo de cintura e uma mãozinha provedora do “Home” para que as três em poucos dias estivessem frente a frente com “sua graça”, o Vergamota, em pessoa.Marcada a “entrevista”, Vergamota que era aquele tipinho, mas não era burro, sabia tratar a cada um de acordo com as circunstâncias. E quando soube que três pitéus universitárias precisariam fazer um passeio pelos seus domínios, tratou de se coportar como um cavalheiro. Fez as unhas, tomou banho, perfumou-se, vestiu-se de linho bramco e chapéu panamá, como convém a todo “Chefão” (no caso dele, “chefãozinho”), mandou um “passa-for a” na marmanjada que o cercava e, como um chefe tribal, esperou as meninas em sua fortaleza (um cortiço caindo de velho).O clima era tenso para as meninas. Berenice e Roswitha tremiam como vara verde ao vento. Bertulia era mais destemida e caminhava a passos medidos à frente das amigs. Eram passos sincronizados e solenes. Não ousavam olhar para os lados para não dar a impressão de serem bisbilhoteiras.CONTINUA………………Sexta-feira, Junho 25, 2004 >>Quando eu era guriPaulo CardosoDizem que quando a gente fala isso, é porque está ficando velho. Na verdade há muitos sintomas da velhice: Certidão amarelada, cabelos brancos, esquecimento (quando você conta com animação um fato e seu interlocutor, tedioso lhe diz que já sabia, porque você mesmo lhe havia contado algumas vezes, é porque sua memória…bom, você está velho), saudade dos amigos da infância e principalmente por achar que o mundo já não é mais o mesmo daqueles tempos de antanho. Enfim, quando você tenta recuperar o tempo que deixou de passar com os velhos amigos e descobre que eles não são mais os seus velhos amigos, mas antigas lembranças que não desejejam lembrar que tamb´m estão velhos, e sua presença produz esse mesmo efeito neles.Mas quando eu era um guri, não digo tão tenro que mijasse na cama, mas quando ainda acreditava que poderia e precisava mudar o mundo, embora não soubesse o porquê e nem de que jeito, mas brigava por isso, brigava por aquilo e assim como brigava, ao primeiro rabo-de-saia que passasse, as mudanças do mundo que esperassem, pois eu tinha que cuidar de interesses maiores: a minha própria vida, e quem sabe, se o belo rabo-de-saia permitisse, a vida de minha futura família, cuja máter recém se apresentava para esta oportunidade.Isso, naturalmente, até cruzar pelo próximo rabo-de-saia, e assim a vida seguia seu curso. Afinal, eu ainda era um guri.Mas quando eu era um guri, a vida não tinha tanta pressa. Eu é que tinha pressa de viver a vida. Mas ela olhava para mim com uma doçura que só a vida é capaz de ter e me chamava para conhecer o mundo. E lá ia eu, feliz da vida e com a vida, acreditando que com esse andar, pudesse mudar o mundo. E encontrava outros moços, que como eu, de braços com suas próprias vidas, mudavam às suas maneiras o seu próprio mundo.Mas a candura dos tempos nos traz de volta à lembrança de que não somos mais guris. Não pelo menos nós que travávamos aquelas lutas pela primazia dos olhares dos nossos velhos rabos-de-saia, que hoje tamb´m, em algum lugar do presente, devem se lembrar com terno fechar de olhos, os doces tempos em que esses homens a caminho da velhice eram ainda guris.Quarta-feira, Junho 23, 2004 >>Vergonha na CaraPaulo CardosoIsso é um negócio que uns têm. Outros não. Eu explico: mentira por exemplo. Quem admite que é mentiroso, mas assim , na cara dura, deslavado? Que eu saiba, ninguém. Pois muita gente é. E se for chamado de mentiroso, tipo assim, na lata, no dedo em riste, ah, mas vira bicho. Diz que lhe ferem os brios, e que pataquá, e etecétera. Mas continua sendo mentiroso. E sem caráter. E como, mas como tem gente desse tipo.Vejamos um exemplo: Ah, esta é uma prova para saber se você tem caráter, se é honesto, se tem vergonha na cara e se não é mentiroso. Vamos ao caso:Você está fazendo algo, mas não se caracteriza como algo absolutamente urgente. Nada o impede de divergir do assunto uns minutinhos , porque não fará a menor diferença. E o telefone toca. Pronto: está armada a circunstância propícia para começar sua cota de mau caratismo do dia. Talvez a primeira de uma série delas. Bem, nesse tempo, o telefone já tocou novamente duas vezes. Voce grita: “Mas ninguém atende essa merda de telefone?” (esqueci de mencionar que a merda do telefone está na mesa à sua frente. Alguém é generoso e atende:- Alô! Quem? Fulano? Ah, … (e voce imediatamente inicia um balé de sinais pra saber quem é).- Um momento, sim. Vou ver se está. Aí entra “Kalinka”, aquela outrora tão linda e sentimental melodia russa, agora tão banalizada pelo som de “bits”. Diria até que se trata já do hino nacional da mentira.E você diz, aos gestos apavorados de uma coreografia sofrida que “de jeito nenhum. Que você soube de um parente em coma no Alasca e que foi obrigado a prestar solidariedade a uma família de afegãos que dependiam emocionalmente desse parente, porque eram refugiados no Egito”. Isso. Essa seria uma desculpa aceitável pra não atender nenhuma espécie de telefonema. Afinal, o que as pessoas pensam? Que podem pegar num telefone e sair ligando pras pessoas? Mas com quê direito?- Alô. Desculpe a demora…é que tive que correr atrás do avião na pista molhada, mas já havia decolado..infelizmente..foi visitar..blá..blá…blá.- Não, infelizmente não há a menor previsão de retorno, não pelo menos enquanto o PT estiver no governo.. mas, o senhor gostaria de deixar recado? (e diz isso com a voz mais cândida do mundo) Não? Deixe então seu telefone, que o fulano vai ligar, assim que retornar..está anotadinho aqui. Não se preocupe. Obrigado.As desculpas variam. Ora é para o Alasca. Outra vez é desencalhar o Rainbow Warrior dum poço de petróleo incendiado pelos anti-ecologistas no Cáucaso. Tem vezes que não há desculpa alguma: simplesmente o telefone fica fora do gancho (eu ainda vou escrever sobre isso: porque raios se chama “gancho”, se nem gancho tem mais. Ou por que se chama “discar”, se é tudo com teclas?), e a vítima que se lasque.E então: pronto. Você mentiu. Mentiu descaradamente. Mentiu porque é um covarde. Mentiu porque não tem a menor consideração com as pessoas. E mesmo que na outra linha esteja um chato, voce mentiu porque não tem peito pra dizer: Pô, não me amola. Eu não quero falar com você. Não me ligue.Mas por que se expor, se mentir é mais barato? Mais divertido? Menos agressivo? Afinal, você É civilizado. E nesse caso, mentir é uma marca de sutil elegância.E depois você se queixa que este mundo está pior, porque as pessoas não são verdadeiras. Porque os valores morais foram apagados pela busca do ter em lugar do ser. Pelo mau caratismo dos outros.E há outras mentiras que varrem a sua vida. A mentira do cheque que um caloteiro lhe passou, e por isso não pôde saldar um compromisso no dia, quando simplesmente você não tem coragem de dizer: “Não pude te pagar hoje. Calculei mal, errei no meu planejamento. Gastei o que não podia e comprei o que não devia, e agora me ferrei. Mas sempre tem outro na ponta da linha. Sempre os outros são os culpados pelos nossos infortúnios.Por que não assumir de uma vez, passar uma vassoura na sujeira da nossa vida, assumir que cometemos burradas atrás de burradas e dizer: pronto. Desabafei. Errei. Fiz besteira. Mas não quero mais errar. Não quero mais mentir, não quero mais emporcalhar minha honra nem fazer as pessoas de bobas. Não quero mais embromar as pessoas. E se o fizer, quero ter a dignidade de voltar atrás e dizer: “Me perdoe, porque eu fui sacana”.Mas, claro, que isso quem tem que fazer são os outros. Você é perfeito. E se você é perfeito, então você é quase um deus. E se você se sente um deus, então você é um mentiroso, porque Deus só há Um. E nunca mentiu.>>O direito de estar erradoPaulo CardosoTemos todo. Principalmente porque erramos o tempo todo. Felizmente, porque os erros são nosso grau de colação na tão promulgada “Escola da vida”.Diz o adágio popular que só o homem tropeça duas vezes na mesma pedra. É verdade. Mas também só o homem pode se perguntar: “por que botaram esta pedra no caminho?”Diz-se do homem ser fruto do seu meio. Meia verdade nisso, porque conheço gente decente neste mundo, e dizem que este mundão velho não é mais de se pegar com a mão. Meia mentira isso também, porque já encontrei pessoas que nasceram e foram criadas em famílias exemplares, mas se tornaram vegetais sociais.Diz-se do homem ser um animal social. Não se compara: animal social pra mim é a formiga. Não Bush nem Bin Laden. Diz-se também do homem ser o melhor amigo do cão. Não? Ah, é o contrário? Justificado então os criadores de pitt bulls.Diz-se que aqui se faz, aqui se paga. Ah, tá. Falem isso ao governo que daqui toma e lá for a tanto paga. Mas tamb´m se diz que cada povo tem o governo que merece. Pode ser. Todos devem ser castigados para se purificar e aprender a errar menos. Ah, mas dizem, isso eu não posso afirmar que saiba por mim mesmo, mas dizem, que em priscas eras o salário mínimo era o mínimo justificável para se chamar de salário, isto é, a justa paga por um dia de trabalho. Ah bom, mas isto não mudou. O salário mínimo é exatamente o suficiente para o que o homem necesita dar à sua família em um dia de trabalho. O problema é que o mesmo dinheiro precisa durar um mês.Acho que estamos exercendo com louvor nossos direitos todos: o de errar, e o de pagar pelos erros dos outros. O de falar, e o de pagar políticos para que falem por nós. O de viver, e o de atrapalhar aqueles que vivem à custa do dinheiro que falta dentro do mês em nossos salários.Terça-feira, Junho 22, 2004 >>RelacionamentosPaulo CardosoO tema central das lições da Escola Sabatina no próximo trimestre tratam de um ponto sensível na igreja, mas não apenas dela, como também do grande problema do novo século que engatinha por nossa existência. Oportuno e providente começar uma nova estrada cuidando da essência da vida: o trato de umas pessoas para com as outras. No meu entender, a mensagem central da pregação de Cristo, e a mensagem de esperança para o porvir, onde, caso as pessoas se comportassem exatamente do jeito que se comportam nos dias de hoje, sinceramente, não haveria a menor graça desfrutar da eternidade.A questão dos relacionamentos começou no Céu, passa pela terra e volta e ter seu desfecho no mesmo Céu. Não se trata portanto de algo simples nem pequeno, mas vital e que se referencia no infinito. Sobre isso não há controvérsias. Pelo menos no meio cristão. Na verdade, controversa mesmo a questão dos relacionamentos nunca foi. Todos sabem, crêem e pregam que eles são a base de sustentação de uma sociedade. O que diferencia isso de outras civilizações, que também pregam a paz entre as pessoas, a tolerância, a compreensão, a empatia e a simpatia, enfim, os meios que produzam bem estar entre uma e outra pessoa quando estas têm que dividir espaços comuns, é a forma com que devem ser resolvidas as diferenças: pela justiça e pela humildade.Eis aí o grande problema. Humildade. Todos pregam e instam à sua prática, desde que comece pelos outros. Todos desejam a paz, desde que os outros a pratiquem. Todos acham que impostos são devidos, desde que só os ricos os paguem. Todos acham que o país tem que mudar, desde que o governo o faça, e faça sem tocar na liberdade e no direito que cada um tem de se omitir. Todos acham que a administração de sua organização está errada e é arbitrária, mas nem todos lembram que as grandes corporações são a representatividade dos erros e acertos das pequenas coprorações, desde o grupo social local, passando pela família até chegar na organização moral e ética do indivíduo em si.Não adianta desejar mudar o mundo, se não mudar a nação. Não adianta mudar a nação, se não mudar a sociedade. Não adianta mudar a sociedade, se não mudar a família, e de nada adianta mudar a família, se os hábitos viciosos de indivíduo não forem purgados em benefício de uma vida melhor, de uma familia melhor, se uma sociedade melhor e de um mundo aceitável.De quem são os erros pelos erros dos outros, senão meus próprios erros pela omissão? De quem são os desvios da sociedade senão meus próprios desvios pelo egoísmo e marasmo ético? O são os tropeços dos caminhos senãos as pedras que eu próprio espalhei para impedir que outros andassem pelos caminhos que julgava meus? De quem são os espinhos senão os que semeei pelos campos alheios e que o vento os espalhou em minha própria seara?De nada vale discutir relacionamentos se não estivermos dispostos a despir-nos dos trapos sujos de nossa covardia. De nada adianta espargirmos perfumes pelo ar se não estivermos limpos antes. De nada adiantam os belos discursos, se nossa vida não falar mais alto que nossa própria voz.>>O Onze do nosso descontentamentoPaulo CardosoDefinitivamente ninguem põe em dúvida que onze de setembro e onze de marçosão duas datas divisórias, ou melhor dizendo, o primeiro onze divisa ostempos, e o segundo, sela o têrmo nas mentes estupefactas do mundo temeroso.E não foi apenas no complexo caminho das relações internacionais que issofez sentido, mas em tudo quanto a mão e a mente humanas podem influenciar:na guerra, nas relações comerciais, políticas e institucionias. A justiçafoi redesenhada e as fronteiras se tornam a cada dia mais e maisintransponíveis. O terror se espalha entre as nações. O mêdo toma o lugar daesperança. E a paz se mostra cada dia mais distante de nós.Desde que eu era menino, aprendi a estudar profecias e cria nelas porque euas estudava. Hoje creio no seu cumprimento, porque vejo diante de meus olhoso destino das nações se descortinando diante do mundo como uma grande telade cinema que mostra com efeitos especialíssimos o fruto da imaginação de umdiretor. Mas não estamos num cinema. O espetáculo magnífico escrito além dos portaisdo infinito de nossa compreensão, ora se descortina como um rolo que seabre. Mas a diferença é que não estamos diante deste rolo, mas dentro dele.Não somos espectadores, mas persoganens desse épico formidável. Não somospagantes da bilheteria, porque alguém já pagou nosso ingresso. Nãopertencemos aos espectadores, porque somos protagonistas.Os onze de nossas vidas serão jamais esquecidos, porque nos acompanharãocomo marcas da intolerância e do desejo incontido de reviver a tristehistória das grandes civilizações. Os onze de nosso tempo nos fazem lembraros antigos impérios, que foram conquistados pelo terror e dominados pelomedo. Os métodos são os mesmos. Só as armas evoluíram. Hoje é bem maisrápido criar civilizações e sufocar resistências. Quem viver, verá.Segunda-feira, Junho 21, 2004 >>A Casa da SograPaulo CardosoDemerval não era cego. Demerval não era louco. Demerval sabia tudo o que estava acontecendo com sua vida, a começar com sua casa. Ou, melhor, a casa da sogra, onde morava.Naqueles tempos bicudos e com salário de professor de geografia em escolinha publica, Demerval sabia que era um abençoado em ter onde morar sem pagar aluguel, condomínio nem IPTU. Por isso nunca reclamava. Chegava sempre no mesmo horário, saía na mesma hora e comia as mesmas coisas. Sempre. Todo dia. Menos domingo, que tinha salada de maionese com carne de panela e spaghetti. Tudo feito pela sogra, pois afinal, demerval morava na casa da sogra.Não era uma sogra ruim. Era até boa. Muito boa, pra dizer bem a verdade. Era diferente do conceito pré definido que devem ter todas as sogras. Ainda jovem, esbelta, bem cuidada, a sogra(por razões éticas, prefilo me referir à ela apenas pelo título: sogra) era uma mulher fina e delicada. Tinha as mãos ainda macias, a pele firme e um belo sorriso. Não era um sorriso qualquer, mas costumava sorrir com o olhar. Sorria quando andava e sorria ao permanecer calada. E ele não deixava de perceber isso, o que também o fazia emitir um orgulhoso e discreto sorriso.E assim passavam os dias de demerval. Pode-se dizer que, embora vivendo na casa da sogra, porque a doçura dela o deixava feliz. Demerval era feliz. Mesmo tendo sido deixado pela mulher havia mais de cinco anos. Restara-lhe o verdadeiro amor de sua vida: a sogra. Ela tinha sido sua professora de primário. Sempre linda e meiga. Um encanto. Com oito anos de idade atrevera-se a pedi-la em casamento. Ela respondeu um esperançoso “talvez, um dia”. E ele acreditou. Os anos se passaram, ela se casou..com outro. Era mais velho que Demerval, mais rico, tinha um carro..e Demerval uma bicicletinha aro 24..impossivel de competir. Mas, o tempo era o Senhor da razão, deixa estar, pensava Demerval.. Choveria na horta dele.O tempo passou. Demerval nunca se casou. A professora teve uma filha. Linda, lourinha, olhos azuis..que cresceu, tornou-se uma bela mulher. Levada, arteira, atrevida. Tudo estava saindo perfeitamente de acordo com o que planejara Demerval.Um homem mais velho, cheiroso, alegre, decente, e ainda conhecido desde a tenra infância da professorinha, nada mais perfeito. E Foi assim que Demerval, depois de muitas flores, presentinhos e presentões, delicadezas, se casou com a filha da sua professora.Um gentleman. Um impagável cavalheiro. Cavalheiro demais. Cercava a esposa com flores. Mas ela queria mais. No âmago da sua juventude feminina, ela queria emoção. Ele dava presentes. Para a esposa..e para a sogra. Convidava a esposa para um jantar íntimo à luz de velas: ele, ela..e a sogra. A sogra adorava. Aquele menino de ouro não a enganara. Doce e cavalheiresco, como o fora sempre desde a primeira série. Era o genro perfeito.Mas não era o marido que sua filha sonhara. Não que fosse descuidado com suas obrigações. Não era. Era pontual, servil, gentil e delicado. Até que um dia ela não aguentou mais e foi-se embora. Queria mais. Queria aventura. Queria um homem normal. Ela se casara com um genro mas nunca teve um marido. Puxa vida. Por que ele não poderia ser só um pouquinho parecido com os outros? Deixar a cuéca atirada no corredor..as meias na mesa de jantar, arrotar à mesa..roncar..dizer palavrões. Por que ele não faltava pelo menos uma vez com o respeito para que ela tivesse uma única oportunidade de jogar tudo na cara dele?Mas não. Demerval era metódico. Matemático. Amoroso. E nem queixar-se à mãe ela podia, porque iria dizer o quê? E logo pra quem. Daí foi-se embora. Só o que sua dignidade machucada lhe permitiu fazer foi deixar uma carta de despedida..em branco. E Demerval ficou só..com a sogra.Não. Demerval nunca mais ousou pedir a professora em casamento. Ela já dissera seu talvez. E esse “talvez” era a certeza de que Demerval necessitava para ser feliz. Mesmo que ao lado da sogra.>>Uma certa manhãPaulo CardosoSempre fui favorável a que as manhãs começassem mais tarde. Talvez depois do meio dia. Bem, podem achar que é tarde. Então tá. Pelas dez. Feito. Hora ideal para se abrir a janela, olhar a vida, cumprimentar o dia e..se estiver chuvoso, então voltar a dormir, que nesse caso é o melhor jeito de esticar a vida pelos caminhos do sono.Acontece que nem todos pensam assim. Eu entendo. Perdôo-lhes a falha de caráter. Entendo que é perfeitamente justificável que algumas pessoas gostem de levantar cedo. Eu faço isso. Sim, religiosamente aí pelas seis da manhã. Todos os dias. Cumpro minhas obrigações, dou descarga e volto a dormir.Entendo também que as pessoas possam não gostar das segundas feiras e também das sextas. Pessoalmente acho isso: as segundas não têm defesa mesmo, mas as sextas, ah não. Essas têm que ser justificadas. Afinal, qual é o dia que precede o sábado? Heim? No meu caso, por religião, faço do sábado meu descanso prazeroso. Mas há outras religiões no mundo, cujos prosélitos merecem todo o meu respeito. Até mesmo a turma que ama a sexta feira porque, dizem, isso eu não sei, mas dizem que é o dia internacional da cervejada e batucada na casa do Belô. Dizem também, isso eu não sei, pois minha religião também não me habilita a comer dessas firulas gordurosas como torresminho, salsichinha e louras alheias. Mas isso eu também tenho que fechar um olho pros que não vêem nada de mal em trebeliscar uma friturinha aqui, outra celulite ali. Cadum, cadum.Longe de mim desejar reformar o mundo. Isso nunca. Acho bom demais do jeito que ele é. Acho que está tudo certo…tá, tá, nem tudo. Bom. Então se é pra mexer, acho que então tem que ser faxina geral. Vamos por mãos à obra e começar. Guerra: Vai pro lixo. Roubalheira, seja no governo, nos cultos ou no jogo do bicho: sem perdão. Ensaca e deixa do ladinho, que na quarta feira o lixeiro leva. É dia de lixo orgânico. Vejamos..tem aqui uns trecos..que..ah, já sei: mesquinharia..ih, acho que esse o lixeiro não leva. Certo, enterra.Mas temos que organizar essa faxina: todos devem usar luvas, porque tem uma inhacas que não saem nem com detergente sanitário. E depois de tudo bem limpinho, vamos lavar tudo com água de lavanda.Então certo. Tudo arrumado, vamos ao banho, porque os olores putrendos, aquela murra, fica nas mãos, nos cabelos, no coração. Todo mundo pro banho…ei..epa, epa, epa..quando eu disse “todo mundo”, eu quis dizer: mulher numa banheira, homem noutra. Mas QUE COISA. Mal arrumaram a bagunça e já querem começar tudo de novo?>>A diferença dos iguaisPaulo Cardoso – Designerwww.pacard.com.brO século XXI, pensávamos nós nos anos 70, seria muito diferente do que é. Ou melhor, o início deste século começou muito diferente do que pensávamos, poderia ser. Achávamos que seria marcado pelas viagens a outros planetas como uma coisa corriqueira. Não é. Imaginávamos que todos se vestiriam como os “Jetsons”. Não se vestem. Acreditávamos que as casas seriam inteligentes, acionadas por comando de voz, e até do pensamento. Não são (a casa do Bill Gates, de 60 milhões de dólares não pode ser levada em conta). Acreditavam os otimistas que a medicina encontraria a cura para o câncer. Não encontrou. O que aconteceu foi que proliferaram novas espécies de doenças, inclusive de câncer. O pensamento otimista e futurista daquela década ficou a nos dever muito.Claro, que coisas acontecem em nossos dias quem nem os mais brilhantes visionários dos anos 70 poderiam imaginar: a internet, a clonagem, a transformação do Lula, a queda do comunismo, a capitalização desenfreada da China e clubes como o Flamengo, Grêmio e Palmeiras, perdendo espaço para o 15 de novembro, o Ponte Preta e o Cacimbinhas F.C.Tudo isso, soma-se a outros bilhões de bits que a informação cibernética derrama a cada instante em nossas inábeis mãos em prover informações a devolver ao teclado, chegando a travar com uma das novas e imprevistas enfermidades: a tendinite. As horas do dia são as mesmas, mas os dias são mais curtos. O mundo continua do mesmo tamanho, mas os espaços diminuíram. As distâncias continuam as mesmas, mas o tempo entre elas ficou mais curto. Os homens continuam os mesmos, mas estão muito diferentes. As multidões ainda são multidões, mas a solidão aumenta a cada dia. A globalização está tornando as pessoas cada vez mais iguais, e ao mesmo tempo tão carentes de suas diferenças. Isso porque somos únicos no universo de bilhões. Nossa dor continua sendo pessoal, como os sentimentos são íntimos. Então, buscamos nosso elo perdido: o elo de nossa individualidade. E onde poderemos encontrá-lo, senão dentro de nós mesmos e das janelas dentro de nós que podem se abrir para o mundo que podemos ver do jeito que desejarmos e na intensidade que pudermos ver?O design é isso tudo: nossas janelas e nossa identidade. Pode ser pupular, pode ser seriado, mas será sempre individual. Supramos então este mundo com o sabor de suas diferenças, e isso façamos através do design. Cores, formas e essência, iguais para muitos, individuais para cada um.Sábado, Junho 12, 2004 >>testeTerça-feira, Março 23, 2004 >>Nossa EmpresaA Pacard Furniture Design ® tem se destacado nos últimos anos pela agilidade e competência de seu desempenho profissional. Não exagera a mídia que divulga nosso trabalho com a cifra de 650 novos produtos em 2003. Evidentemente não foram todos lançados ainda, mas sua essência tem sido mostrada ao longo de 2003 e nas feiras profissionais de 2004 (Movelpar, Arapongas, PR; Salão do Móvel Brasil e Gramado Móvel Show, Gramado, RS), e o resultado tem se mostrado positivo para os empresários que estiveram conosco no trabalho que realizamos. Podemos afirmar com convicção que colaboramos para o início de um “upgrade” do polo moveleiro de Gramado.Mas nossa missão continua e nos estruturamos pra trabalhar no mesmo ritmo do desafio que enfrentamos em 2003. Para isso contamos hoje com uma equipe capacitada, tecnologia e muita, mas muita criatividade.Nossa empresa é reconhecida entre as principais do Brasil e tem reconhecido o seu trabalho nas mais destacadas publicações do meio profissional, como as revistas Móveis de Valor, Toque de Classe e Decore, bem como nos sites da ABD (Associação Brasileira de Designer de Interiores – www.abd.org.br); www.arqbrasil.com.br; www.portalmoveleiro.com.br e outros.Seu diretor e principal designer, Paulo Cardoso, possui uma experiência de mais de trinta anos no setor moveleiro; Faz parte do Clube do Designer, um seleto grupo de profissionais brasileiros da industria moveleira. Participa ativamente do meio em Gramado e tem um currículo bastante vasto em seu autodidatismo, o que o torna um dos profissionais mais respeitados do país atualmente neste setor.Nossa Missão:Quebrar paradigmas e enfrentar os desafios do mercado com criatividade e qualidade de serviço.Nossa proposta:Criar continuamente. Desenvolver o maior numero possível de produtos para proporcionar ao mercado através da industria diferenciação do design e implemento de novos materiais e tecnologias.Como Atuamos:De duas formas ajustadas à capacidade das empresas:1 – Por coleção de produtos.Nesse caso, pesquisamos e desenvolvemos uma linha de produtos adequada às necessidades da empresa, acompanhamos o desenvolvimento dos protótipos (ou ainda prototipamos, quando necessário), e estabelecemos um compromisso até o lançamento dos produtos.2 – Por consultoria permanente. Nesse caso, firmamos um valor mensal de prestação de serviços entre a Pacard Design, sem vínculo empregatício, e efetuamos todo trabalho de pesquisa, desenvolvimento e upgrade dos produtos existentes ou novos, limitando o numero de peças por ano de trabalho a serem criadas, além de um numero determinado de horas em chão-de-fábrica geralmente para uma vez por semana ou quinzena, onde participamos de reuniões e prestamos consultoria em Gestão e Estratégias do Design para médio e longo prazo.Ê importante que coloquemos que nosso estudio realiza permanentes pesquisas em tendências, mercadologia, tecnologias e materiais, mantendo contínuo acompanhamento e debate com renomados pesquisadores, e este conhecimento é inteiramente repassado aos nossos clientes no curso da consultoria.O contrato mínimo é de 01 (um) ano, e o valor mensal é de R$ 1.050,00, para um total de 12 horas mensais, e criação de 30 novos produtos durante este período. Deslocamentos for a do município de Gramado serão acrescidos das despesas de logística e acomodação.Está incluso nas horas em chão de fábrica o treinamento e capacitação das equipes de vendas, incluindo cursos práticos e teóricos de Iniciação ao Desenho, Iniciação ao Design e História do Mobiliário, com reconhecimento de estilos e padrões, e noções de tendências. (Para esse fim, a empresa deverá disponibilizar espaço e os materiais necessários).Desejamos marcar uma visita à sua empresa, caso haja interesse em evouluirmos esta proposta. Em caso positivo, contate com nosso estúdio:www.pacard.com.brpacard@hy.com.brcomercial@pacard.com.brFone 54 2821326Cell 54 91210863Segunda-feira, Março 22, 2004 >>VENHA CONHECER OS SEGREDOS DODesign de móveisComPAULO CARDOSO (PACARD)Desenho e perspectivaTeoria do designHistória do mobiliárioIniciação à criaçãoAULAS PRÁTICAS E TEÓRICASNO Próprio atelier do designerVAGAS LIMITADASwww.pacard.com.brpacard@hy.com.brfone 54 282 1326 – cell. 54 91210863Início: Abril/2004Segunda-feira, Março 15, 2004 >>JÁ COMECEI A SAFRA DE 2004/2005. Estou com ótimas coleções em andamento. Contate comigo.54 282 132654 9121 0863Domingo, Março 14, 2004 >>Novo teste


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terça-feira, novembro 23, 2004

Nem anjos e nem demônios
Pacard
Tenho conversado com colegas designers do setor moveleiro, seja no encontro de Curitiba, seja pela internet, ou pessoalmente, e depois das cordiais apresentações e tapinhas nas costas,a pergunta: “Como está de trabalho?”. A resposta é quase unânime, e se não isso, caminha nessa direção: “um ano muito difícil”.
Mas não é preciso ser designer para dar essa resposta, basta ser brasileiro e isso sai ao natural.
Falemos então de design, de móveis.
Design é na cadeia de necessidades da industria moveleira, de acordo com o pensamento “clássico”, o topo da pirâmide, e os investimento nessa área, não passa de disponibilidade ou sobra que permita o “status” para campanhas publicitárias ou institucionais. Naturalmente há exceções, mas via de regra, em crise ou aperto, o primeiro corte é no topo da pirâmide, ou seja: nós!
Mas por que isso ocorre? Por que o designer anda sempre com o coração na mão? Por que não é comum que um designer dê continuidade a um trabalho numa empresa até atingir o padrão de qualidade desejada e com isso projetar seu talento e promover o acréscimo nas vendas, garantindo empregos e crescimento econômico e social? Por que há resistência (e muita) à inovação? E quem é o responsável por promover ou frear a mão do designer no processo de criação?
São muitas perguntas, e para respondê-las é necessário que entremos numa questão importante: O DESIGN BRASIL. Afinal, o que é o tão falado “DESIGN BRASIL“?
O nome assim o diz: é prover uma identidade ao que se desenha para a industria . Mergulhar na essência da alma brasileira . Colocar a luminosidade, a alegria, a espontaneidade e a pureza dos valores da nossa terra no armário, na cristaleira, na cadeira, na mesa e principalmente na cama . Mas não é só isso. É mais. Falar em "Design Brasil" é dar a quem cria a liberdade de dizer o que o Brasil tem de melhor. Pelo menos em teoria, porque na prática não é o que acontece.
Vou aos fatos: o primeiro diz respeito ao corte de design em crise. Nada mais natural que quando o céu escurece, primeiro se procure a direção de casa, a segurança. No caso do setor moveleiro, o porto seguro sempre será o patrimônio mensurável: aquele que pode ser pesado, medido, embalado e estocado. Idéias são virgulas, e virgulas jamais serão pontos. No máximo, reticências. Preocupar-se com a cobertura do bolo antes do recheio é o que parece mover a opinião do empresário a descartar investimentos em idéias (além do que, copiar é tão mais fácil), até que a tempestade se acalme. Vento pela cauda, é o que se espera de investimentos em idéias enquanto há uma turbulência lá fora.
Enquanto isso, o designer tem que ir cantar noutra freguesia. Garimpar noutro rio. E até fazer outras coisas para pagar as contas e colocar pão à mesa.
Mas por que não há continuidade? Será incompetência do designer, que foi incapaz de criar algo que agradasse ao consumidor e provesse lucros à empresa?
Vamos pensar assim: há muitas maneiras de se prestar serviços a uma empresa. A segunda é na condição de liberdade e independência. O profissional é contratado por uma tarefa determinada, cumpre seu contrato e vai embora. Poderá ou não ser chamado depois. A primeira (eu inverti a ordem de propósito) é a mais cômoda: tornar-se empregado e prestar exclusividade à determinada empresa, por tempo indeterminado. Coleira. Prático, permite em muitos casos que o profissional trabalhe livre, crie, evolua, faça laboratório, enfim, exerça suas habilidades e evolua seus talentos. As vantagens estão na estabilidade econômica e principalmente nas possibilidades de acompanhamento de feiras e cursos no Brasil e no exterior.
A desvantagem desse sistema é uma só: o designer não assina seus trabalho. A assinatura é da empresa. E aí está o primeiro absurdo: Design é criação: Criação não é repetição, mas vem da alma, da experimentação, da busca pelo inusitado, da quebra de paradigmas, da exploração do desconhecido, e disso a transformação em objeto dos desejos, que poderá tornar-se um clássico ou não. Isso é o que menos importa. O que importa é que ali houve uma parte da essência divina, pois a capacidade de criar e de questionar é o que nos aproxima do Criador, quando exercemos o nosso livre arbítrio.
E ao que me conste, uma empresa não foi criada à imagem e semelhança de Deus. O homem sim. O designer é um homem (antropológico). Portanto é ele quem deve assinar pela criação do produto. E isso já acontece na industria quimica, na engenharia, na medicina, no direito, no jornalismo, menos no design. A lei não permite que o responsável pela farmácia seja o dono, exceto que seja ele um farmaceutico. Nem permite a lei que a farmácia, como corpo jurídico, assine por si mesma. Seria como se o vaso pulasse da mão do oleiro e se completasse sozinho. Seria um homem, se não chegasse a ser um deus se isso acontecesse. Mas um vaso é apenas um vaso. E uma empresa, por maior que seja, será uma empresa. Mas um designer é muito mais, pois é um criador.
Mas ainda não respondi: por que a falta de continuidade? Serei objetivo agora: Há passos no design:
1 - Contratar o designer
2 - Criar
3 - Confiar no que foi criado, avaliada a experiência ou capacidade do profissional sugerido
4 -Lançar ao publico (lojista) para que este decida o que vai comprar (naturalmente no processo de criação há o acompanhamento da produção e produtividade, embora isso seja tema para outro artigo).
5 - Descarte dos produtos não aprovados e ajuste dos que necessitem para a produção seriada.
Mas o que acontece:
1 -Contratar o designer
2 -Determinar o que o designer vai criar, entupindo-o de fotos, recortes de revistas, e os próprios produtos
3 - Desconfiar sempre dos conhecimentos daquele sujeito "esquisito" que quer botar abaixo tudo o que já foi feito, e manter um pé atrás quanto ao que for produzir.
4 - Chamar os representantes para que "ajudem" a escolher os novos produtos.
Como avalio este processo:
Ao contratar o profissional, seu curriculo e sua apresentação já deverão ser avaliados antes da assinatura do contrato.
A postura do profissional, se é comprometido com o acompanhamento da prototipagem; se oferece respostas convincentes sobre seu trabalho e se conhece o perfil do consumidor a que se destina o trabalho proposto.
Uma conversa franca com o profissional e uma vistoria às instalações permitirão que o designer faça seu próprio diagnóstico do que vai encontrar e como vai proceder em sua linha de atuação naquela empresa. Design é personalizado. Sempre. Então uma empresa é diferente da outra e deve ser tratada como tal. Deve ser respeitada sua individualidade. Por ambas as partes.
Quanto aos representantes, serei odiado pela classe, indispensável ao sangue que circula nas veias do país. Homens de frente e incansáveis embaixadores das industrias junto aos temíveis compradores, e conhecedores profundos dos chás-de-banco tão normais nessa profissão.
Mas nem sempre, e na maioria das vezes, temíveis e paradoxais freios-de-mão da inovação. Paradoxal porque estão sempre exigindo novidades. De outro lado, porque quando se defrontam com o que é realmente novidade, e que tais novidades não as têm visto nas lojas de seus clientes, nem de sua empresa, nem da concorrência, puxam o freio de mão e optam por não mudar o que já vem dando certo. E estão certíssimos nisso. Em time que ganha, etc..
Menos numa coisa: não se mexe em time que está ganhando (alguém tinha que dizer isso ao Grêmio, que eles PODEM E DEVEM MEXER naquele time).
Mas e quem disse que é para mexer na coleção que está vendendo? Eu não ! Jamais faria isso. A coleção de produtos que está vendendo, deve continuar vendendo. Mas um dia ela vai parar de vender, porque todos vão querer produzir a mesma coleção (ou estão esquecendo dos que copiam tudo o que dá certo?). E quem produz depois, em geral produz mais barato, sonega impostos, faz qualquer coisa para desafogar o estoque. E faz. São os aventureiros. Não têm compromisso social, não têm preocupação com os empregos instáveis que geram e nem o terão jamais. Numa virada de vento, fecham as portas e investem em águas mais tranquilas: galinha caipira, talvez. Ou imóveis. Ou o que der melhor e mais rápido.
São os primeiros a falar mal do governo, dos impostos (verdade, se colocassem em dia o que já sonegaram, seria um caos),e principalmente dos empregados, que na opinião destes (maus empresários) são uns "chupins", não se importam com a empresa, que numa crise abandonam o barco, e blablablá. Devolvem com a mesma moeda.
E o pobre do designer, esse nem se fala. Ai dele que apareça numa empresa numa época de crise. E se estiver de carro novo, pior ainda. E se estiver bem vestido, então é um esnobe. E "nunca", "jamais, que dinheirinho suado vá parar nas mãos desses "artistas malucos", que "querem mudar tudo". E assim caminha a humanidade.
Qual o caminho do equilibrio?
1 - Ouvir o consumidor
2 - Ouvir o lojista
3 - Permitir ou exigir do designer que faça também esse caminho
4 - Permitir que o designer crie
5 - Analisar o processo produtivo, custos, e apostar no trabalho, levando a maior quantidade possivel de produtos para as feiras
6 - Deixar que o mercado selecione o que deseja comprar.
Este ainda não é o caminho da felicidade suprema. Mas aponta na direção.
Concluo achando que os designers não são anjos nem demônios. Apenas pensam diferente. E querem trabalhar.
Pensem nisso.



terça-feira, setembro 21, 2004

A Saga de Balaão (o teimoso como uma mula)

Apresentando:

Balaão, no papel de balaão (o teimoso como uma mula)
Mula Pocotó (a teimosa como um Balaão)
Balaque (o balaqueiro)
O Anjo que mostra quem é que manda

Ato 1
Narrador:
Tendo partido os filhos de Israel, acamparam-se na Campinas de Moabe, além do Jordão, na altura de Jericó, logo depois da terceira curva, antes da encruzilhada logo acima duma...ah..vocês nem sabem mesmo onde isso fica.....Daí, como eu dizia, viu pois Balaque (o balaqueiro), filho de Zipor, sobrinho do tio que era irmão do primo dum cunhado (que não era parente, pois cunhado não é parente), tudo o que Israel fizera aos Amorreus...
Nãaaooo...genteeeee. deixa eu te contar.. eu vou contar, porque eu A-DO-ROOO contar. Meu nome é FO-FO-CAAA!
Moisés, sob o comando do Senhor, Deus de Israel, literalmente ES-BO-DE-GOU, esgualepou, cascou em cima dos amorreus, tanto que amorreu tudo.
Isso fez com que o rei Balaque, rei dos moabitas, se borrasse todo, com medo. E sabe como é: quem tem rei, tem medo. Aí o que fez balaque? Bolou um jeito de botar freio no povo de Israel.
Balaque:
Oh, dia, oh, vida, oh dor.Ai, pobre de mim, como sooofrooo. Ser ou não ser: Eis a questão. Que dilema cruel: Se correr o bicho pega. Se parar o bicho come. O que fazer? Quem me livrará, a mim e ao povo de Moabe de um destino tãaaao “Ca-rru-eelll”?
Entra Balaão, vestido com a camisa do grêmio:
A-háaa. Não contavam com minha astúcia. Eu o salvarei: o Balaão coloradoo.
Balaque:
Ué, mas você ta com a camisa do grêmio?
Balaão:
Ah, é que tava escuro e eu precisei duma lanterna.
Balaque:
Ué? Como você soube tão rápido que eu ia te chamar?
Balaão:
Ah, eu recebi um e-mail que dizia: “Trabalhe em sua própria casa ganhando 3.657,99 ao mês. Não é venda. Seja dono de seu próprio negócio. Fale com Balaque (o balaqueiro). Aí vim correndo.
Balaque:
Ah, ok. Então. Você sabe como é: os tempos andam bicudos e a gente tem que garantir o pirãozinho das crianças. E tem uma galera muito irada zuando no cafofo de Basã. Daí, a galera ta achando que Moabe vai ser a bola da vez. E a gente soube que a força deles está no Deus deles, que os protege, porque eles tem um profeta.
Balaão:
Aí. Pode crê, merrrrmão. To sabendo.
Balaque:
Aê. To sabendo que tu ta sabendo. Daí to sabendo que tu também é profeta e, sabe como é, mano: tou te dando um lance pra agitá um troco legauzinho. Jogo limpo. Não é muamba. Tu só tem que rogá umas praga pra rapeize coisa pesada. Ta limpeza?
Balaão:
Aê, né. O lance da grana ta legauzinho. Mas tu tem que pagar despesa de transporte, o lance de férias, 13º salário, auxilio doença, fundo de garantia, e vale refeição.
Balaque:
Ta limpo.
Balaão:
Manêro.
Entra a mula:
“Pocotó, pocotó, pocotó
A mulinha pocotó.”
Ah, que dia manêro pra pega uma onda lá na Brava. É hoje que eu não faço nada.
Balaão:
Ô mula. Pode tirá teu cavalinho da chuva, que arranjei um trampo. Têmo que amaldiçoar Israel. Bâmo, mula.
Mula
Máaaas NEM MORTA, lindão. Mas eu não vou é MESMO. Tenho coisa melhor pra fazer. Magina, logo eu, servir de burro de carga prum cara mais burro que eu amaldiçoar o povo de Deus.
Mas tu bebeu o que, que eu também quero, heim?
Burro! Não vou, não vou e não vou! Daqui não saio, daqui ninguém de tira.
Balaão:
Mas que mula tão teimosa. Ô mula: ô tu vai comigo, ô eu puxo de meu sabre de luz vermelho de raios ultra mega jupiterianos e te transformo numa lagartixa piolhenta!
Mula:
Vem. Vem. Vem, se tu é bem homi. Vem que eu te dou um pedal e te faço lambê o chão.
Balaão:
Eu te pego, nojenta! Só porque tu fala, pensa que manda em mim? É nisso que dá. Mal começou a falar e já quer mandar. Daqui a amanhã, vai querer votar. Vê se pode.
Mula:
Não me peeegaaa..não me peee-gaaaa!
Entra o Anjo empunhando uma espada:
Schhhhhhhhhxxpt. Pronto! Pronto! Cabô a encrenca..amigos..amiii-goss...isso..abraça agora..isso: BUNIIIIÍIITTTOOO!
(Os dois ficam caladinhos, lado a lado, de cabecinha baixa e o anjo dá um biscoitinho pra cada um e passa a mão na cabecinha deles)
Então olha para Balaão e diz:
Anjo:
Mas que verrrgooonhaaa. Que coisa mais feia de se fazer. Vai já lá e abençoa o Povo de Israel, senão tu vai ver o que é bom pra tosse, nojento.
(Bate com a espada em Balaão)

Narrador:
E assim, o feitiço de Balaque (o balaqueiro), rei de moabe se voltou contra o feiticeiro. E Israel foi abençoada em vez de amaldiçoada.
E Balaão e a mula voltaram para sua terra e abriram uma sorveteria.
E Balaque viu só o que era bom pra tosse.





quarta-feira, junho 30, 2004

“Mas eu sei em quem eu tenho crido”

o Mc, 14: 68 - “Mas ele negou dizendo: não O conheço. Não sei o que dizes”
o Os versos seguintos nos afirmam que por mai duas vezes O negou dizendo que não conhecia ao homem que estava em julgamento.

o Mc, 14:10 –“E Judas Iscariotes, um dos doze, foi ter com os principais dos sacerdotes para lhø entregar”.

o Se nós resumirmos o pensamento histórico e entendermos a correta colocação dos textos neste evangelho, vamos ver que à fria letra dos relatos, há um sentido mais profundo por trás dos textos que nós acabamos de ler.

o Quando o historiador conta os fatos de um acontecimento, e este historiador se encontra dentro do cenário destes acontecimentos, muitas vezes ele coloca o que vê, o que ouve e se ocupa em relatar as coisas como são do jeito que estea vendo naquele momento.
o Mas há outra forma de se descrever um fato, que é estando for a do cenário dos aconteciimentos.

o AUTOR. Marcos, o filho de Maria, de Jerusalém, At 12:12.
o Antiga tradição afirma que Marcos foi um companheiro de Pedro, razão por que este livro é chamado de O Evangelho de Pedro por alguns escritores antigos. É geralmente aceito que Pedro tenha proporcionado ou sugerido grande parte do material encontrado no livro.
o QUANDO FOI ESCRITO : 50 - 60 A.D.
o TEMA PRINCIPAL. Cristo, o incansável servo de Deus e do homem.

o A vida de Jesus é descrita como sendo cheia de boas obras.

o Seu tempo de oração era interrompido, 1:35-37 . Algumas vezes não tinha tempo nem para comer, 3:20 . Pelo fato de atender a contínuos chamados para o serviço, seus amigos diziam que ele estava fora de si, 3:21 . As pessoas o buscavam quando ele queria descansar, 6:31-34.
o PARTICULARIDADES. É o mais curto dos quatro evangelhos.

• estilo é vivo e pinturesco. Grande parte do tema está também em Mateus e Lucas, mas não se trata de simples repetição, pois Marcos contém muitos detalhes que não aparecem nos outros evangelhos.

o Como o Evangelho de João, Marcos também começa com uma declaração da divindade de Jesus Cristo, sem, contudo, se estender nesta doutrina.

o Um cuidadoso estudo do livro revela, sem dúvida, que o objetivo do autor é o de ressaltar as obras maravilhosas de Jesus, em vez de fazer afirmações freqüentes que testifiquem da sua deidade.

o Muitos toques pessoais se encontram neste evangelho, como "vivia entre as feras", 1:13; "aos quais deu o nome de Boanerges, 3:17; Jesus "indignou-se", 10:14 ; "e eles se maravilhavam", 10:32 ; "A grande multidão o ouvia com prazer", 12:37 ; etc.

o Embora ressalte o poder divino de Cristo, o autor alude com freqüência aos sentimentos humanos de Jesus: sua decepção, 3:5 ; seu cansaço, 4:38 ; seu assombro, 6:6 ; seus gemidos, 7:34 ;8:12 ; seu afeto, 10:21.

o Mateus olha para trás e se ocupa principalmente das profecias objetivando os leitores judeus, e dá muito espaço aos discursos de nosso Senhor.

o Marcos é mais condensado. Ele diz pouco acerca das profecias e apresenta um resumo dos discursos, mas enfatiza as obras poderosas de Jesus.

o Os dezenove milagres registrados em seu curto livro demonstram o poder sobrenatural do Senhor.

o Oito deles provam seu poder sobre as enfermidades, 1:31,41 ;2:3-12 ;3:1-5 ;5:25 ;7:32 ;8:23 ;10:46 .

o Cinco demonstram seu poder sobre a natureza, 4:39 ;6:41,49 ;8:8-9 ;11:13-14.

o Quatro demonstram sua autoridade sobre os demônios, 1:25 ;5:1-13 ;7:25-30 ;9:26.

o Dois demonstram sua vitória sobre a morte, 5:42 ;16:9.

o **********************************************
o Mas não é sobre Marcos que eu quero falar nessa reflexão e sim sobre os dois primeiros personagens que encontramos na leitura: Pedro e Judas. E talvez eu devesse incluir outros discípulos, como João, Tomé, mas nós vamos ver isso no contexto deste tema.

o Como eu disse antes, quando o historiador vivencia os fatos, ele descreve apenas o que vê. Quando é um pesquisador, ele já analisa os fatos. Mas sempre se prendendo ao que encontrou nos testemunhos.
o Mas existe um outro tipo de história,que é chamada de META-HISTÓRIA - a História atrás da história- mais elaborada, mais minuciosa, que analisa os SENTIMENTOS e as RAZÕES de determinadas atitudes dos personagens envolvidos na trama dos acontecimentos, baseado na análise de comportamento desses personagens.. E é isso que nós vamos fazer aqui hoje: vamos buscar entender o que se passava no coração de Pedro e de Judas, que os levaram a agir como agiram na noite do julgamento de Jesus. E porquê tiveram um desfecho tão diferente um do outro.

o É comum e barato à história resumir asim os fatos: Judas traíu Jesus. É simples. Mas foi isso mesmo o que aconteceu? Na prática foi, mas na mente de Judas, não é tão simples assim. Na mente de Judas..bem..vamos ver isso adiante.

o Pedro MENTIU quando negou a Jesus?
o Judas queria ver Jesus na condição que viu quando O entregou a sinédrio?

o Vamos voltar um pouco no tempo. Poucos dias são suficientes: menos de uma semana.
o Vemos Uma cidade inteira posta em fila, se aglomerando, se erguendo na ponta dos pés para ver melhor. Vemos uma multidão, e era uma imensa multidão, pois era a comemoração mais importante de Israel de todos os tempos: a maior de todas as festas e a esta festividade ninguém poderia faltar, pois ela simbolizava a UNIDADE daquele povo enquanto nação escolhida de Deus.

o Estava portanto Jerusalém apinhada de gente vinda de todos os lugares. E esta gente toda tinha um motivo ainda mais especial para estar ali naquele dia, pois todos tinham ouvido falar de um Homem que num simples toque, que por uma única palavra, que por um olhar mais profundo, era capaz de aliviar a dor, ressucitar os mortos, perdoar pecados, calar tempestades.

o Jerusalém não era naquele dia apenas o centro espiritual de Israel, mas era o refúgio a todo coração cansado.

o Jerusalém era o ESTRADO dos Pés do Deus vivo. E quase todos criam nisso. E quase todos queriam estar ali quando o Filho do Deus vivo pudesse andar por aquelas ruas. E quase todos queriam estender os seus mantos festivos para que a jumentinha pisasse sobre eles, pois sobre ela estava o Criador de todos os mundos.
o E quase todos estendiam palmas, um símbolo de boas vindas dados aos reis. E ali estava um Rei. Não apenas o rei profetizado e alvo da esperança de Israel, mas o rei dos Reis, o Senhor dos Senhores.
o Aquele era um dia solene na vida e na história daquele povo.

o E aquela era uma oportunidade única, quem sabe se até profetizada para o cumprimento das profecias de Isaías, e Aquele era sem a menor sombra de dúvida, o Emanuel predito, o Deus Conosco, Forte, maravilhoso, o Desejado de Todas as Naçãos, o Príncipe da Paz.

o Quem estivesse ao Seu lado, quem O precedesse e quem seguisse os Seus passos, certamente governaria sobre este reino.

o E quem estava ao Seu lado? Quem eram os Seus amigos e dedicados seguidores, senão os doze apóstolos escolhidos pessoalmente por Ele. Não impostos, não indicados, não eleitos pelo povo, mas escolhidos e convocados pela autoridade do próprio Filho de Deus? E entre os doze, quem mais confiável, quem mais responsável e capaz do que aquele que jurara insistentemente seguir até à morte e amar com sua própria vida, do que Pedro, cujo nome mudara, crescera diante da missão que lhe era confiada?

o E quem mais capaz de governar ao lado do Messias do que o tesoureiro da comitiva apostólica, Judas Iscariotes?

o Diante deste pensamento, e era este o pensamento que adornava o coração destes dois personagens durante aquela festividade, o cenário estava preparado para que finalmente o grande milagre de Jesus pudesse ser manifesto.
o E este pensamento não era infundado, porque o próprio Jesus mesmo havia dito que mesmo destruído o templo, em Três dias com Seu poder o levantaria. E o que era o templo para os judeus senão a marca viva da presença de Deus entre Seu povo?

o E este pensamento adornou a cobiça de Judas e de Pedro. E uma mostra disso é que o próprio Pedro, dias antes manifestara a Jesus a idéia de que poderia ser Rei em Israel no momento que desejasse. Foi quando Jesus disse: “Afasta-te de mim, satanás”.

o Andemos agora ao momento qu que Jesus disse a Judas:”O que tens a fazer, faze-o depressa”.
o Judas entendeu isso como um sinal de Jesus. Não ouvia mais o que Jesus dizia, mas apenas a sua própria cobiça. E Judas dirigiu-se aos Sacerdotes e combinou a entrega de Jesus.
o Mas por que ele fez isso, se sabia que intentavam contra a vida do Mestre?

o Porque estava viva em sua mente a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, e tinha plena convicção que ninguém ousaria enfrentar o povo, porque o povo mesmo O aclamara rei.
o Judas imaginava que os sacerdotes poderiam fazer com Jesus aquilo que os discípulos não conseguiram: comovê-lO a aceitar o posto e destronar Herodes, que nada mais era do que uma “vaquinha de presépio” dos romanos. E o resto da história voces conhecem bem.

o Voltemos a Pedro. Pero talvez não tivesse a mesma ganância de Judas, e sabemos que Pedro nnao era d forma alguma um covarde. Pedro era um home forte, e o fato de ter decepado a orelha do soldado poucas horas antas, demontra que era acostumado ao uso da espada. E estava realmente disposto a morrer pelo seu Mestre.
o Então, o que havia mudado no coração de Pedro para negar a Jesus, e nnao apenas uma vez, mas por três vezes seguidas?

o E agora vem a surpresa: Pedro não mentiu!!!!

o Quando questionado pela empregada, primeiro, e pelos soldados, mais tarde, Pedro olhava lá dentro e via um homem resignado, humilhado e sofrendo constantes humilhações, apanhando, sendo torturado, cuspido no rosto, e cuspir no rosto é até hoje uma afronta impagável..este era o cenário que era mostrado a Pedro.
o E Pedro não reconheceu naquele homem de dores à sua frente, descrito por Isaías como uma raiz retorcida, o mesmo e poderoso Jesus que o fizera andar sobre as águas. O mesmo Jesus que levantara sua sogra com um toque de mãos. Que calara uma tempestade e que enfurecido e sozinho entrara no templo e com um azorrague na mão expulsara uma legião de vendilhões inescrupulosos que maculavam a Casa de Deus.

o Pedro vê um home calado, ensangüentado, tremendo como uma ovelha diante do seu matador. Pedro talvez tenha conseguido ver rosto de Jesus e Seus olhos quase fechados, inchados de tanto apanhar…e sem esboçar nenhuma reação.

o Aquele não era, segundo o coração humano de Pedro, o Jesus que ele conhecera.
o Pedro não conhecia aquele Jesus. E de fato, em todos os anos que esteve ao Seu lado, em todas as jornadas, Pedro não havia conhecido a Jesus.
o Pedro e Judas simbolizam a todos nós hoje, que estamos na igreja, mas não conhecemos a igreja. Que estudamos a biblia, mas não conhecemos a Palavra de Deus. Que pregamos o conhecimento que temos das maravilhas de Deus, mas não temos um relacionamento com Deus.
o Pedro e Judas andavam lado a lado com Jesus, mas nnao conheciam a Jesus.
o A finalidade desse estudo não foi a de trazer respostas ou apontar verdades, mas de nos levar à uma profunda reflexão acerca do relacionamento que estamos tendo com Jesus e se estamos verdadeiramento conhecendo a Jesus.
o Nós conhecemos a Jesus?

domingo, junho 27, 2004

As três amigas - Capitulo 1
Paulo Cardoso

Uma era baixinha e tagarela. Morena e bem torneada. Chamava-se Bertúlia. Era a mais despachada da troupe. Filha de um gaúcho autêntico, estancieiro e tradicionalista O nome era estranho. Bertúlia. Bem diferente mesmo, mas fôra engano do escrevente no cartório, pois o nome certo era: “Tertúlia”. Não era um nome lá muito ortodoxo, mas, por amor à tradição, tudo valia.
Outra era uma italianinha, Berenice, olhinhos verdes e cabelos compridos loiros. Nariz afilado e lábios finos. Magra, muito elegante e que sabia vestir-se como seu porte exigia. Falava pouco, mas sabia lançar olhares que falavam por mil palavras.
E a terceira, era a mais misteriosa de todas. Alta, esguia e sorridente. Descendente de poloneses, chamava-se “Roswitha”. Com tê agá mesmo. Era assim. Dava um nome misterioso. Sua pronuncia lembrava chá de raiz de rosas com licor de aniz numa tarde de outono entre folhas de plátano esvoaçantes. Ou coisa assim. E eram inseparáveis. Unha e carne. Tampa e panela. Lula e Zé Dirceu. Essas coisas inseparáveis. Essas amizades intermináveis.
Era tudo junto o quanto faziam: noitadas, jantares, trabalho, faculdade, gatos. Nada era de ninguém e tudo era de todas. Mesmo. Isso desde remotas lembranças, porque um dia juraram amizade eterna. Era um pacto. Uma aliança interminável, fosse o que fosse que se interpusesse entre elas.
Isso durou muito, e seria mesmo eterna essa aliança se não fosse o “Vergamota”. O Vergamota, sim senhor. Esse mesmo. Não estou falando de ninguém mais ou de algum homônimo. Era mesmo o Vergamota. Aquele incorrigível anão. Pequenino, mas tanto, que sentadinho no chão, as perninhas ainda continuavam balançando. Desbocado e fedorento. Analfabeto, linguarudo e sem um mínimo de educação. Civilidade nenhuma mesmo. Pois é esse mesmo. O Anão Vergamota. A piada do circo. O insuportável rufião dos becos nauseabundos da Rua Trinta e Três. Famoso “Beco do Salsa”. Era ali o território de domínio do temido Vargamota. Era ali o lugar onde pessoas de bem jamais poderiam imaginar em passar. Era ali que governava a sinistra criaturinha de cinco dentes, um olho vazado e um insuportável cheiro de gambá.
Mas Vergamota continuava seu minusculo império da malandragem sem a menor preocupação, por uma razão muito simples e delicada: ele havia salvo “O Hôme” de uma situação vergonhosa, quando a polícia caíra torrencial sobre a vadiagem na busca de um fugitivo perigoso. E a primeira açãoo policial foi sobre a sala rosa, da casa da Gorda. E quem estava ali, refestelado e duro de bêbado, ERA o “Hôme”. E o Vergamota sabia. Então o que fez? Fez o que devia fazer. Armou um sururu pessoalmente com duas protegidas, promovendo um escarcéu que despistasse por uns instantes a ação policial, chamando a atenção sobre seu feito, enquanto os assessores retiravam por uma porta dos fundos o “Home”,sumindo com ele pelas sombras e evitando um escândalo maior. Naturalmente, Vergamota foi preso. Levou uns bifes nas fuças, mas em menos de dois dias estava livre e com salvo-conduto no governo de seu reduzido feudo marginal.
Foi num daqueles trabalhos de faculdade, acho que de Sociologia, que as três amigas tiveram que se embrenhar beco adentro para levantar umas estatísticas sobre mães solteiras. Fácil, fácil, no Beco do Salsa, pois ali viviam pelo menos umas cinqüenta. E de menor, acho que por volta de trinta delas.
Mas não era tão simples assim entrar nos domínios do Vergamota sem um salvo-conduto do próprio. Foi preciso muito jogo de cintura e uma mãozinha provedora do “Home” para que as três em poucos dias estivessem frente a frente com “sua graça”, o Vergamota, em pessoa.
Marcada a “entrevista”, Vergamota que era aquele tipinho, mas não era burro, sabia tratar a cada um de acordo com as circunstâncias. E quando soube que três pitéus universitárias precisariam fazer um passeio pelos seus domínios, tratou de se coportar como um cavalheiro. Fez as unhas, tomou banho, perfumou-se, vestiu-se de linho bramco e chapéu panamá, como convém a todo “Chefão” (no caso dele, “chefãozinho”), mandou um “passa-for a” na marmanjada que o cercava e, como um chefe tribal, esperou as meninas em sua fortaleza (um cortiço caindo de velho).
O clima era tenso para as meninas. Berenice e Roswitha tremiam como vara verde ao vento. Bertulia era mais destemida e caminhava a passos medidos à frente das amigs. Eram passos sincronizados e solenes. Não ousavam olhar para os lados para não dar a impressão de serem bisbilhoteiras.

CONTINUA………………


sexta-feira, junho 25, 2004

Quando eu era guri
Paulo Cardoso

Dizem que quando a gente fala isso, é porque está ficando velho. Na verdade há muitos sintomas da velhice: Certidão amarelada, cabelos brancos, esquecimento (quando você conta com animação um fato e seu interlocutor, tedioso lhe diz que já sabia, porque você mesmo lhe havia contado algumas vezes, é porque sua memória…bom, você está velho), saudade dos amigos da infância e principalmente por achar que o mundo já não é mais o mesmo daqueles tempos de antanho. Enfim, quando você tenta recuperar o tempo que deixou de passar com os velhos amigos e descobre que eles não são mais os seus velhos amigos, mas antigas lembranças que não desejejam lembrar que tamb´m estão velhos, e sua presença produz esse mesmo efeito neles.
Mas quando eu era um guri, não digo tão tenro que mijasse na cama, mas quando ainda acreditava que poderia e precisava mudar o mundo, embora não soubesse o porquê e nem de que jeito, mas brigava por isso, brigava por aquilo e assim como brigava, ao primeiro rabo-de-saia que passasse, as mudanças do mundo que esperassem, pois eu tinha que cuidar de interesses maiores: a minha própria vida, e quem sabe, se o belo rabo-de-saia permitisse, a vida de minha futura família, cuja máter recém se apresentava para esta oportunidade.
Isso, naturalmente, até cruzar pelo próximo rabo-de-saia, e assim a vida seguia seu curso. Afinal, eu ainda era um guri.
Mas quando eu era um guri, a vida não tinha tanta pressa. Eu é que tinha pressa de viver a vida. Mas ela olhava para mim com uma doçura que só a vida é capaz de ter e me chamava para conhecer o mundo. E lá ia eu, feliz da vida e com a vida, acreditando que com esse andar, pudesse mudar o mundo. E encontrava outros moços, que como eu, de braços com suas próprias vidas, mudavam às suas maneiras o seu próprio mundo.
Mas a candura dos tempos nos traz de volta à lembrança de que não somos mais guris. Não pelo menos nós que travávamos aquelas lutas pela primazia dos olhares dos nossos velhos rabos-de-saia, que hoje tamb´m, em algum lugar do presente, devem se lembrar com terno fechar de olhos, os doces tempos em que esses homens a caminho da velhice eram ainda guris.


quarta-feira, junho 23, 2004

Vergonha na Cara
Paulo Cardoso

Isso é um negócio que uns têm. Outros não. Eu explico: mentira por exemplo. Quem admite que é mentiroso, mas assim , na cara dura, deslavado? Que eu saiba, ninguém. Pois muita gente é. E se for chamado de mentiroso, tipo assim, na lata, no dedo em riste, ah, mas vira bicho. Diz que lhe ferem os brios, e que pataquá, e etecétera. Mas continua sendo mentiroso. E sem caráter. E como, mas como tem gente desse tipo.
Vejamos um exemplo: Ah, esta é uma prova para saber se você tem caráter, se é honesto, se tem vergonha na cara e se não é mentiroso. Vamos ao caso:
Você está fazendo algo, mas não se caracteriza como algo absolutamente urgente. Nada o impede de divergir do assunto uns minutinhos , porque não fará a menor diferença. E o telefone toca. Pronto: está armada a circunstância propícia para começar sua cota de mau caratismo do dia. Talvez a primeira de uma série delas. Bem, nesse tempo, o telefone já tocou novamente duas vezes. Voce grita: “Mas ninguém atende essa merda de telefone?” (esqueci de mencionar que a merda do telefone está na mesa à sua frente. Alguém é generoso e atende:
- Alô! Quem? Fulano? Ah, … (e voce imediatamente inicia um balé de sinais pra saber quem é).
- Um momento, sim. Vou ver se está. Aí entra “Kalinka”, aquela outrora tão linda e sentimental melodia russa, agora tão banalizada pelo som de “bits”. Diria até que se trata já do hino nacional da mentira.
E você diz, aos gestos apavorados de uma coreografia sofrida que “de jeito nenhum. Que você soube de um parente em coma no Alasca e que foi obrigado a prestar solidariedade a uma família de afegãos que dependiam emocionalmente desse parente, porque eram refugiados no Egito”. Isso. Essa seria uma desculpa aceitável pra não atender nenhuma espécie de telefonema. Afinal, o que as pessoas pensam? Que podem pegar num telefone e sair ligando pras pessoas? Mas com quê direito?
- Alô. Desculpe a demora…é que tive que correr atrás do avião na pista molhada, mas já havia decolado..infelizmente..foi visitar..blá..blá…blá.
- Não, infelizmente não há a menor previsão de retorno, não pelo menos enquanto o PT estiver no governo.. mas, o senhor gostaria de deixar recado? (e diz isso com a voz mais cândida do mundo) Não? Deixe então seu telefone, que o fulano vai ligar, assim que retornar..está anotadinho aqui. Não se preocupe. Obrigado.
As desculpas variam. Ora é para o Alasca. Outra vez é desencalhar o Rainbow Warrior dum poço de petróleo incendiado pelos anti-ecologistas no Cáucaso. Tem vezes que não há desculpa alguma: simplesmente o telefone fica fora do gancho (eu ainda vou escrever sobre isso: porque raios se chama “gancho”, se nem gancho tem mais. Ou por que se chama “discar”, se é tudo com teclas?), e a vítima que se lasque.
E então: pronto. Você mentiu. Mentiu descaradamente. Mentiu porque é um covarde. Mentiu porque não tem a menor consideração com as pessoas. E mesmo que na outra linha esteja um chato, voce mentiu porque não tem peito pra dizer: Pô, não me amola. Eu não quero falar com você. Não me ligue.
Mas por que se expor, se mentir é mais barato? Mais divertido? Menos agressivo? Afinal, você É civilizado. E nesse caso, mentir é uma marca de sutil elegância.
E depois você se queixa que este mundo está pior, porque as pessoas não são verdadeiras. Porque os valores morais foram apagados pela busca do ter em lugar do ser. Pelo mau caratismo dos outros.
E há outras mentiras que varrem a sua vida. A mentira do cheque que um caloteiro lhe passou, e por isso não pôde saldar um compromisso no dia, quando simplesmente você não tem coragem de dizer: “Não pude te pagar hoje. Calculei mal, errei no meu planejamento. Gastei o que não podia e comprei o que não devia, e agora me ferrei. Mas sempre tem outro na ponta da linha. Sempre os outros são os culpados pelos nossos infortúnios.
Por que não assumir de uma vez, passar uma vassoura na sujeira da nossa vida, assumir que cometemos burradas atrás de burradas e dizer: pronto. Desabafei. Errei. Fiz besteira. Mas não quero mais errar. Não quero mais mentir, não quero mais emporcalhar minha honra nem fazer as pessoas de bobas. Não quero mais embromar as pessoas. E se o fizer, quero ter a dignidade de voltar atrás e dizer: “Me perdoe, porque eu fui sacana”.
Mas, claro, que isso quem tem que fazer são os outros. Você é perfeito. E se você é perfeito, então você é quase um deus. E se você se sente um deus, então você é um mentiroso, porque Deus só há Um. E nunca mentiu.
O direito de estar errado
Paulo Cardoso

Temos todo. Principalmente porque erramos o tempo todo. Felizmente, porque os erros são nosso grau de colação na tão promulgada “Escola da vida”.
Diz o adágio popular que só o homem tropeça duas vezes na mesma pedra. É verdade. Mas também só o homem pode se perguntar: “por que botaram esta pedra no caminho?”
Diz-se do homem ser fruto do seu meio. Meia verdade nisso, porque conheço gente decente neste mundo, e dizem que este mundão velho não é mais de se pegar com a mão. Meia mentira isso também, porque já encontrei pessoas que nasceram e foram criadas em famílias exemplares, mas se tornaram vegetais sociais.
Diz-se do homem ser um animal social. Não se compara: animal social pra mim é a formiga. Não Bush nem Bin Laden. Diz-se também do homem ser o melhor amigo do cão. Não? Ah, é o contrário? Justificado então os criadores de pitt bulls.
Diz-se que aqui se faz, aqui se paga. Ah, tá. Falem isso ao governo que daqui toma e lá for a tanto paga. Mas tamb´m se diz que cada povo tem o governo que merece. Pode ser. Todos devem ser castigados para se purificar e aprender a errar menos. Ah, mas dizem, isso eu não posso afirmar que saiba por mim mesmo, mas dizem, que em priscas eras o salário mínimo era o mínimo justificável para se chamar de salário, isto é, a justa paga por um dia de trabalho. Ah bom, mas isto não mudou. O salário mínimo é exatamente o suficiente para o que o homem necesita dar à sua família em um dia de trabalho. O problema é que o mesmo dinheiro precisa durar um mês.
Acho que estamos exercendo com louvor nossos direitos todos: o de errar, e o de pagar pelos erros dos outros. O de falar, e o de pagar políticos para que falem por nós. O de viver, e o de atrapalhar aqueles que vivem à custa do dinheiro que falta dentro do mês em nossos salários.

terça-feira, junho 22, 2004

Relacionamentos
Paulo Cardoso

O tema central das lições da Escola Sabatina no próximo trimestre tratam de um ponto sensível na igreja, mas não apenas dela, como também do grande problema do novo século que engatinha por nossa existência. Oportuno e providente começar uma nova estrada cuidando da essência da vida: o trato de umas pessoas para com as outras. No meu entender, a mensagem central da pregação de Cristo, e a mensagem de esperança para o porvir, onde, caso as pessoas se comportassem exatamente do jeito que se comportam nos dias de hoje, sinceramente, não haveria a menor graça desfrutar da eternidade.
A questão dos relacionamentos começou no Céu, passa pela terra e volta e ter seu desfecho no mesmo Céu. Não se trata portanto de algo simples nem pequeno, mas vital e que se referencia no infinito. Sobre isso não há controvérsias. Pelo menos no meio cristão. Na verdade, controversa mesmo a questão dos relacionamentos nunca foi. Todos sabem, crêem e pregam que eles são a base de sustentação de uma sociedade. O que diferencia isso de outras civilizações, que também pregam a paz entre as pessoas, a tolerância, a compreensão, a empatia e a simpatia, enfim, os meios que produzam bem estar entre uma e outra pessoa quando estas têm que dividir espaços comuns, é a forma com que devem ser resolvidas as diferenças: pela justiça e pela humildade.
Eis aí o grande problema. Humildade. Todos pregam e instam à sua prática, desde que comece pelos outros. Todos desejam a paz, desde que os outros a pratiquem. Todos acham que impostos são devidos, desde que só os ricos os paguem. Todos acham que o país tem que mudar, desde que o governo o faça, e faça sem tocar na liberdade e no direito que cada um tem de se omitir. Todos acham que a administração de sua organização está errada e é arbitrária, mas nem todos lembram que as grandes corporações são a representatividade dos erros e acertos das pequenas coprorações, desde o grupo social local, passando pela família até chegar na organização moral e ética do indivíduo em si.
Não adianta desejar mudar o mundo, se não mudar a nação. Não adianta mudar a nação, se não mudar a sociedade. Não adianta mudar a sociedade, se não mudar a família, e de nada adianta mudar a família, se os hábitos viciosos de indivíduo não forem purgados em benefício de uma vida melhor, de uma familia melhor, se uma sociedade melhor e de um mundo aceitável.
De quem são os erros pelos erros dos outros, senão meus próprios erros pela omissão? De quem são os desvios da sociedade senão meus próprios desvios pelo egoísmo e marasmo ético? O são os tropeços dos caminhos senãos as pedras que eu próprio espalhei para impedir que outros andassem pelos caminhos que julgava meus? De quem são os espinhos senão os que semeei pelos campos alheios e que o vento os espalhou em minha própria seara?
De nada vale discutir relacionamentos se não estivermos dispostos a despir-nos dos trapos sujos de nossa covardia. De nada adianta espargirmos perfumes pelo ar se não estivermos limpos antes. De nada adiantam os belos discursos, se nossa vida não falar mais alto que nossa própria voz.