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sábado, outubro 15, 2016

O Poder da Palavra


Sempre ouvi dizer que a maior invenção da civilização tenha sido, talvez, a invenção da imprensa, e antes disso, da escrita. De fato, não fosse a escrita, você não estaria lendo isso. Eu poderia gastar uma página inteira aqui apenas tecendo a utilidade da escrita. Então, fica estabelecido que, sim, a escrita foi uma das grandes viradas de página (ih, olha eu com meus trocadilhos infames de novo) da historia da humanidade. Que bom escrever. Tente fazer isso, mas cuidado, porque a pena é o chicote da alma, assim como a língua é o chicote da bunda. São duas atitudes que já levaram muitos, mas muitos (pense em muitos e multiplique muitas vezes mais), ao cadafalso, e com certeza, ao pó da terra. Eram escritores, e ao pó voltaram. Eram faladores, e ao pó retornaram. Por escrever, e por falar.
Mas, se não fosse para ser contraditório, escrever o óbvio qualquer um faz. Quero contestar. Contrariar, subverter. Escrevo então, que mais importante que escrever é falar. Escrevo e depois assino, que foi a fala, e não a escrita, quem fortaleceu a base da civilização. E provo aqui mesmo que é a fala quem faz com que nos tornamos de novo humanos, tribais, e familiares. Basta ler a Bíblia, que vai saber que até cerca de 3000 a.e.C., tudo era passado de geração em geração, através das rodas de prosa à sombra dos carvalhais. Que a Tradição Oral continuou, na cultura judaica, e na cultura oriental, de modo geral, até cerca do primeiro século d.e.C. todos sabem (exceto Apolônio Lacerda, meu Alter Ego subversivo). Na realidade, a tradição oral é parte e a manutenção da cultura de muitos povos orientais. É pela tradição da prosa dos galpões que se preservam as historias e a própria cultura. Porém, não é de tradição que quero falar agora, e sim de gente. Quero falar das pessoas. Quero falar da família.
Pense que os primeiros anos de nossas vidas, não líamos, nem escrevíamos nada. Apenas falávamos e ouvíamos. Dentro de uma casa civilizada (não confunda com pós moderna), as pessoas falam entre si. Quando quero um abraço de meus netos, eu peço, falo, estendo os braços. Nunca tentei escrever, mas acho que perderia um tempo enorme. Talvez um recadinho breve pelo whatsapp. talvez. Mas falar ainda é mais eficiente e prático.
Uma poesia não tem a mesma sublimidade, dramaticidade, ou energia, se apenas lida. Uma poesia tem que ser declamada, entoada, para tocar na alma. É a sonoridade do cantar da mãe que embala o bebê ao dormir. É o som doce de "eu te amo", que toca o coração de alguém apaixonado. Com sussurro, com brando  falar. É o grito estridente do comandante que empolga a tropa para a batalha. É a oratória do pregador quem toca o espírito da congregação. É a fria palavra do juiz quem dá peso à sentença. É na palavra falada que sentencia-se ao cativeiro ou à liberdade o réu. É no falar que se reconhece a língua dos Homens ou dos Anjos. Então, falar leva mais longe que escrever. E, sério, se pudesse falar isso que escrevo,bem, deixemos assim. Minha voz não é exatamente o trinar de um rouxinol no escuro da noite. Gosto de escrever, mas se me deixarem falar...