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sábado, dezembro 04, 2010

CRIATIVIDADE EM RISCO

Pacard

Durante muitos anos fui dominado por uma grande frustração pelo fato de ter me tornado um profissional com grande experiência no que fazia, acompanhada por certo grau de conhecimento teórico também, porém, de forma não convencional, diferente daquela determinada como acadêmica e como tal, vendida ao mercado. E por não ser graduado, me colocava numa posição de inferioridade no exato instante em que me defrontava com outros profissionais da mesma área, gerando uma barreira natural de status profissional.

Os anos se passaram, e fui aprimorando meus conhecimentos teóricos da mesma forma que qualquer outro profissional precisa fazer para não ser deixado de lado palas novas descobertas em seu campo de conhecimento. Imagine um médico que tem um currículum acadêmico brilhante, mas que não lê uma única revista, ou livro sobre avanços na medicina, ou não participa de seminários, conferências, não  faz cursos de reciclagem e não se envolvem com outros profissionais na troca de experiências, e nem mesmo compartilham suas dificuldades com profissionais de outras éras. Este profissional em poucos anos está certamente falido, tando financeiramente, quanto de forma profissional.

Da mesma forma, fiz o mesmo. Não me estribei apenas nos primeiros conhecimento adquiridos em chão de fábrica ou nas pranchas de desenho, seja sob orientação de outros profissionais com reconhecido saber, ou então debruçado sobre os livros, revistas, e a maioria ainda em iidioma diferente do meu, o que me permitiu acrescentar à minha cultura profissional,o domínio de outras línguas, que vieram a me favorecer nos anos que se seguiram, nas viagens que fiz, mas sobretudo como enriquecimento pessoal. E não me contentei apenas em  ler e conhecer mais e mais sobre desenho, arquitetura, design, artes plásticas, pintura, literatura, escultura, alfareraria (modelarem em cerâmica), como também fui conhecer os mistérios das linguas mortas, onde estudei grego ( este em um seminário teológico), latim, e também estudei grafias antigas, treinei alfabetos medievais para aplicação em determinados trabalhos, além de meus estudos de teologia aos quais me dedico desde tenra juventude. Estudei ainda certos mistérios cultivados como tais por sociedades antigas, fiz pequenas e deliciosas incursões no campo da matemática, onde conheci Fibonacci e os pitagóricos, que me levaram a desnidar a Divina Proporção, com a qual os renascentistas eruditos consumiram anos de suas vidas voltadas ao conheccimento e ao saber.

Seria cansativo enumerar todas as coisas que fiz e ainda faço para enriquecer meu limitado, porém  livre universo do conhecimento, e de tudo filtro o melhor e trago ao meu campo de atividade profissional, o Design. Não faço design simplesmente porque preciso pagar as contas, mas faço design porque preciso viver e viver em meu entender não contempla apenas respirar, comer, dormir, amar e ser amado, mas estabelece um relacionamento de gratidão com Deus, meu Criador e Senhor, que me permitiu e continua misteriosamente a permitir que eu cresça mesmo que seja em meu entardecer da vida, através de minhas criações e sobretudo de minha liberdade de expressá-las, seja por meio de meus traços, ou por meio daquilo que transmito aos que vem após minhas pegadas, não para que continuem a me seguir, mas para que passem a me acompanhar, não atrás de mim, mas ao meu lado, porque assim como meu conhecimento não é limitado a apenas ao que eu ja conheci e esteja aberto a tudo o que ainda quero e posso conhecer, mas porque legar o que nos foi legado é uma missão divina.

Recebo com uma trave no olho a idéia que ainda hoje as escolas que deveriam provocar design, se limitam a ensinar design. As instituições que deveriam permitir que o design aconteça como consequencia da soma dos conhecimentos, seja estanque pelo ritualismo dos procedimentos formais e pelo entrave dos conceitos, onde a um educador não seja permitido opinar sobre a qualidade do que ensina, sob o risco de denegrir imagem da instituição. Ora onde é que está o valor do educador, senão na expressão de seus conhecimentos? O que é uma instituição senão a soma dos seus educadores e o que é o valor do educador senão a sua liberdade de repassar seus conhecimentos que são  unicamente seus e não da instituição?

Concordo que deve haver uma rota e um destino quando se trata de formalização e formatação do ensino. Mas não concordo em absoluto que um educador respeitável seja dissociado de um profissional ainda mais respeitável, e em meus quase quarenta anos nessa jornada entendo que só se fazem profissionais confiáveis com liberdade de expressão, tanto de seus próprios conhecimentos, sejam eles empíricos ou intuitivo, como pela experimentação dos conhecimentos de outrem, não importando a forma como tenham chegado ao educador, seja pelos bancos acadêmicos, ou pelo recôndito silencioso das bibliotecas, receptáculos do saber ao longo das civilizações. Discordo em grau, gênero e número de tutela na criatividade e nos conceitos e instrumentos que exploram os mistérios da criação e dos métodos diversos que permitem a diversidade das escolas deste conhecimento no universo do design.

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