Leio com atenção o desabafo de uma amiga que se mostra magoada por se sentir discriminada pela pequenez da alma humana, e acho que não tenho nenhuma palavra que possa confortá-la e motivá-la a que se sinta bem diante da manifestação permanente, como pingo d'água na cabeça, da mediocridade que nos cerca. Mas posso dizer ao menos que ela se sinta viva exatamente por isso, porque a podridão humana, por ser incapaz de vivificar a morte dos sentidos que ronda constantemente aos que pensam, e exalam desejo pelo belo da existência, acaba corroendo os ânimos e minando os pilares da cultura e da arte que carregamos desde o despertar da existência humana.
Eu poderia simplesmente citar aqueles que ao longo do enriquecimento da história humana se sentiram da mesma forma, e indo além, mergulharam com paixão e intensidade naquilo que acreditavam, e pagaram com sua liberdade e vidas, porém, acabaram se plantando no solo da histórioa como os que fizeram a diferença. Sócrates, se deixou executar à companhia dos amigos, devlarando que ali findaria sua vida, mas aqueles que o condenavam, sequer a própria geração lebraria seus nomes. Paulo de Tarso, se declarou escravo do amor de Cristo, para se ver liberto da escravidão humana. Martinho Lutero ousou escrever 95 teses e afixar no olho de Roma, que destruia ávida pelo sangue de pessoas que tinham como único crime, o desejo de serem livres da ignorância e do pecado. E o que dizer do próprio Jesus?
Mas nem preciso ir longe, ou citar outros exemplos, pois eu proprio, ao longo dos anos, por ter idéias e não me envergonhar de tê-las, fui chamado de louco, doido, irresponsável (menos de medíocre, porque essa pecha ficou reservada aos que me apontavam os dedos remelentos). No entanto, continuei minha jornada, matando todos os leões que pude matar. Espantando todos os medíocres que atravessaram meu caminho (lembram do que dizia Mario Quintana?), e na certeza que vou deixar um legado aos meus filhos e amigos, e principalmente àqueles amigos anônimos que leem o que escrevo, admiram o que faço e se alegram porque se identificam comigo nessa jornada.
Minha cara amiga: Se Deus quisesse que ficássemos plantados no mesmo lugar, ouvindo as mesmas pessoas amarguradas, ter-nos-ía dado raízes. Mas deu-nos pés e pernas, para que andássemos. Olhos à frente, para que nao olhássemos para trás. Ouvidos, dois, voltados também à frente. Mãos que são mais eficientes, ao par, e uma mente, que mesmo que nos calem a voz, nos paralisem as pernas, nos amarrem as mãos, nos tapem os ouvidos e nos fechem os olhos, ainda assim é capaz de caminhar pelo universo e tagarelar com Deus, como velhos e bons amigos.
Deixe que os que atravancam seu caminho passem. Passarinho é voce. Somos nós.
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