Retalhos sobre o panorama do design de móveis
Publicado em 16/03/2009 por Paulo CardosoHá coisas que intrigam no mercado de consumo, mas a mais estranha delas é a aceleração com que as transformações da tecnologia avançam sobre o consumidor,especialemnte as coisas supérfluas, ou de natureza dispensável sob a ótica da estética ou tecnologia, enquanto outras mais íntimas, tornam-se coadjuvantes, mesmo que desejadas e nas crises, são abandonadas à sorte, até que voltem os ventos a soprar e as conduzam rumo ao consumidor novamente.
Vou descomplicar. Falo dos cosméticos, do vestuário, dos automóveis, da decoração, do mobiliário, e na outra ponta, frágil, dos alimentos, da saúde, da educação e do lazer.
Falar em crise é uma das necessidades da vida não descrtitas por Maslow, mas todo ser humano fala da crise, antes, durante e depois que ela passou. O palco das conferencias pode ser Davos, O Forum Social Mundial, ou a barbearia da esquina, a fila do banco, ou o que épior que tudo: antes de dormir.
Mas a dor gerada pelas crises é uma espécie de força extra retirada da alma, como um cão que é mordido por outro, devolve com igual intensidade outra mordida, e quando mais dói, mais ele aperta, até que o mais fraco sucumbe. No caso, pasmem: o mais fraco dos viralatas da pirâmide de consumo, é o mobiliário.
As pessoas trocam de carro, porque não podem rodar com um carro muito tempo porque “deprecia” (na verdade quem deprecia são as revendas, porque o pobre proprietário (ou proprio otario) cuida dele como se fosse um bebê. Isso é comprovado. A publicidade trabalha em cima disso. E também por uma coisa que ninguém se dá conta: o carro é notadamente masculino. Carros possantes são carros “pra macho”. Portanto, a melhor oficina o melhor combustivel, o melhor pneu, a melhor lavação. Isso é quase sempre o homm que escolhe, que corre atrás, que se descabela quando vê um risquinho (lá em casa é o contrario, ufa). Já omóvel, na maioria das vezes, é tratado como backgroud, porta trecos,depósito, especialmente portas e gavetas. Carros, tem nomes possantes. Móveis não. Baú vai ser sempre baú. Roupeiro, no máximo muda para guarda roupas. Prateleiras, campeãs no assassinato do vernáculo, viram “partelêras”, e as pobres cadeiras, tão delicadas, sustentam os bundões que tratam carros como bebê e armário como a casa da sogra.
Caminhando nesse pensamento, é possivel entender o porque da quebradeira constante no setor moveleiro quando surge uma crise. Os governos correm para socorrer os gigantes, porque são gigantes e se mostram como gigantes, empregam à vista de todos milhares de trabalhadores. Mas e o setor moveleiro? Vamos comparar? Quantos empregos gera a industria automobilistica? milhões. E as fabricas de móveis? Muitos milhões mais, porque são invisiveis. Com resguardo dos expoentes gigantes, todo brasileiro tem moveis dentro de casa, isso são 180 milhões de pessoas. Mas já se ouviu falar de alguem desta turba que usa polidor para dar brilho à logo do fabricante? E quando surge a crise, qual é a primeira coisa e deixar para mais tarde? Não é a cozinha nova? a sala de jantar ( um dia ainda vou descobrir porque todo mundo tem uma sala de jantar, mas não tem uma sala de almoço nem de café da manhã, lanche da tarde, mas, enfim, deixa pra lá. O assunto é outro agora).
Então, mais uma vez, chega a crise, sai o marceneiro, mas ficam os dedos, isto é, o carro tem que ser trocado, porque o juro “baixou”. A liquidação era imperdivel e aqueles tres pares de sapatos não poderiam ir parar em pés que não os merecessem. E a industria quimica foi tão generosa com aquele lançamento de batom a R$ 200,00, que isso não vai fazer falta mesmo, ninguém vai falir por tão pouco.
E a cadeira soltando as traves vai ter que esperar. Só até passar a crise.
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