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sábado, dezembro 25, 2010

O canto das sereias
Verdade inteira ou quase verdade?
Paulo Cardoso (Pacard)

 "Não vejo problema em usar uma versão enganosa para infiltrar nela a verdade. O que vale é a intenção."
Qual o problema dessa afirmação: A meia verdade. Meia verdade é uma mentira por inteiro. Meia verdade é uma falsidade completa. Meia verdade é um engano continuado.
Aceitar e participar das festividades pagãs do natal tentando esquecer a raiz e inserindo nela o objetivo dito cristão, vale dizer que os fins justificam os meios. Vale dizer que voce pode infringir as regras que aprendeu como aquelas que o diferenciam da multidão, para fazer exatamente o contrário: infiltrar-se na multidão. Vale dizer que não contrariar e até se mostrar simpático aos costumes sincretizados, seja uma porta aberta à comodidade de não ser taxado de fanático, exótico, ou ignorante.
Desta forma, quando aceitei a fé adventista, fiz por entender que somos um povo separado, que busca na santidade da adoração a reflexão do caráter de Cristo, que não aceitou compartilhar com os vendilhões do templo, antes disso, tomou sobre si a responsabilidade de varrer aquela imundicie da Casa de Deus.
Ser cristão muitas vezes implica em ser  pisado pelos próprios irmãos, com os quais tmos caminhado até certo ponto do caminho, e que a cada encruzilhada, vão se dispersando com o canto das sereias, se deixando embalar pela suavidade das ondas, sem perceber que a cada porto, a cada encruzilhada, a cada fagulha de engano que permitem que caia no barco, vão permitindo que a palha seca da fé que tem vá acendendo um fogo estranho, devorador, e quando se dão conta, tem à sua volta um barco incendiado no meio do mar bravio. Não há mais onde saltar, não há um porto seguro, pois o encantamento das mesclas teológicas foi puxando o barco para cada vez mais fundo.
Não quero trazer nenhuma nova verdade, nem ser o arauto de velhas verdades escondidas. Sou apenas alguém que crê na verdade da adoração simples de um Deus complexo, mas que se faz simples para que possamos aceitá-lo. Deus não nos torna sábios para que nos aproximemos dele, mas nos torna humildes para que O aceitemos ao achegar-se à nós so jeito que somos. Por que então adornar de artifícios essa adoração? Por que ataviar-nos de crendices que vão se sedimentando como verdades e criam dissenssão entre irmãos e amigos, que muito em breve haverão de encontrar-se nos recônditos da terra, nas grutas e nas matas em fuga dos verdadeiros inimigos, com os quais forçamos nossa aceitação, nos submetendo aos seus costumes, fechando um olho para seus ritos pagãos, e nos saciando com comidas dedicadas aos ídolos? Ou que nome posso dar a uma ceia de natal com amigos do mundo, onde temos que orar pedindo bênçãos sobre os alimentos, entres os quais estão o porco, o vinho, as carnes impuras que fazem parte destes rituais?
Como vamos ensinar nossos filhos e netos, as nossas crianças o reto caminho, a verdadeira adoração, quando temos que mostrar na mesma sala dois personagens distintos, sendo que um que não vêem, devem crer, e outro que vêem, não podem crer? Como vamos contar às nossas crianças que o nascimento de Jesus, o Filho de Deus, que é o caminho, a Vida e principalmente a Verdade, tenha que ser comemorado numa data que é literalmente uma mentira? Pode alguém dar uma cobra a um filho que pede um peixe? E não é isso o que fazemos quando colocamos um gorrinho vermelho com plumas e levamos nossas crianças a recolher presentes deixados por um mito embaixo de uma árvore que não tem nenhum propósito específico no plano da salvação? Ou tem? Pode alguém de sã consciência dizer a um irmão que se escandaliza, e não são poucos estes, que a partir daquele momento ele deixe de lado sua pureza de sentimentos, e em nome da unidade crescente desta prática que não tem nenhuma base bíblica, nenhuma base cristã, e que permaneça calado diante de vendilhões da fé que se assenhoram da casa de Deus, que é o nosso espírito, a nossa crença, a nossa  fé, a nossa fidelidade?
Não creio que eu deva mudar de opinião simplesmente porque alguns doutores ou pseudo teólogos conseguem fazer malabarismos com a exegese de Ellen G. White, dissecando seus escritos em fragmentos e destes entretecendo suas verdades ao gosto de suas convicções. Verdades que jamais saberemos por inteiro, pois a não ser a própria autora, ou antes dela o próprio Deus, quem mais poderia penetrar nos mistérios da gramática ou da retórica, ou até mesmo no íntimo dos pensamentos de uma autora que deu conselhos durante toda a vida adulta, e nem sempre respaldados em visões proféticas, mas muitas vezes no seu próprio discernimento e conhecimento, na sua própria experiencia e de seu tempo, mas que nem por isso sejam determinados com absolutos, considerando exatamente as verdades progressivas, temporais e de  apaziguamento de ânimos entre irmãos. Respeito seus escritos como qualquer adventista o faz. Mas antes de tudo, respeito as Escrituras e também no que els dizem sobre o entendimento das coisas de Deus, que nos são dadas pela ação do Espírito Santo, e quando dizem que também nós, pelo Seu Espírito, somos conduzidos ao entendimento, e quando este entendimento nos leva à adorarmos ao nosso  Deus como criador, Redentor e Mantenedor de todas as coisas, onde é que se encontra o erro nisso? E se não há erro nessa busca pela pureza de sentimentos e adoração, quando encontramos mitos colocando mentiras netro do cálice da verdade e dela nos querem fazer beber, de que lado devemos estar?
Sinto-me envergonhado como adventista em ter que calar meus princípios, que me foram legados por quem guardou a fé até à morte para não se deixar contaminar pelo engano do mundo, e não poder levar pessoas à uma igreja que já não mais sinto vontade de frequentar, porque de um lado prega os Dez Mandamentos, e de outro apaga aqueles que incomodam o crescimento da igreja. Ou então com que convicção vamos falar do mandamento que nos proibe de falso testemunho? Ou entrar no barco de uma data pagã, pegar carona em nau estranha, que nos leva onde bem entender, é um testemunho verdadeiro? Ou como vamos dizer que não devemos adorar outros deuses, quando nossos pastores ensinam que todo objeto de adoração diante do nosso Deus e diante de Sua verdade é um falso deus, seja a televisão em excesso, a internet, a gula, a luxuria, a ambição, e então, não seria também uma árvore adornada que inebria a todos, tira o fôlego dos pequenos e enche de sinceros sentimentos de paz aos adultos, apenas porque seja natal?
Temos uma responsabilidade por nosso testemunho diante do mundo. Devemos levá-los a Cristo pela cruz e não tomá-los de Cristo pelas luzes. E é isso que estes festejos fazem unicamente. Somos responsáveis pelo que fazemos, e também pelo que levamos os outros a fazer.