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quarta-feira, janeiro 12, 2011

Mobiliário terá toque artesanal em 2008 ( Reprint)
Entrevista com Pacard - Portal Moveleiro



A cada ano, novas formas, cores e matéria-prima dão forma e charme aos móveis brasileiros. Novas tendências surgem a cada ano, e muitas delas são apresentadas nas feiras do setor no início do ano. Em 2007, o conceito de funcionalidade aliado à beleza esteve presente nas casas dos brasileiros e este ano esse caminho deve crescer ainda mais. Os elementos naturais estarão cada vez mais presentes no mobiliário. Devem surgir também, novas cores inspiradas no antigo, como a peroba e canela e materiais como o vidro e o MDF estarão em evidência em 2008.

O designer, educador e consultor de design, Paulo Cardoso (Pacard) divide a tendência dos móveis por camadas de consumo. Segundo ele, se tratando do grupo A, está crescendo o retrô contemporaneizado, com abundância dos materiais de demolição, usando materiais genuínos, madeiras nobres e buscando peças extremamente originais. “Ainda nesta categoria social, os não tão puristas, aderem à combinação ou combinações excêntricas, como vidro, aço escovado, fibras muito rústicas e ferro batido”, informou. Sobre formas, Pacard informou que elas começam a se quebrar em orgânicas, porém, ainda predominam as linhas retas, e forma-se um paradoxo entre as linhas retas com detalhes, ou os orgânicos limpos.

Segundo o designer, o retrô com o contemporâneo, abusando das linhas retas, porém com predominância de um classicismo eclético, são tendências para a camada B. “O clássico limpo não expõe ao risco desnecessário do erro na tendência, nem acelera a compra do inusitado. Conceitual deixa de ser prioridade, mas funcionalidade é a palavra de ordem. As linhas jovens recorrem ao lúdico conceitual nessa camada, mas como termômetro de tendências apenas, e cenário de vitrines”.

Já na camada C, que é a grande consumidora, Pacard informou que há uma migração natural para o minimalismo que predominou pelos últimos dez anos, e teve seu apogeu no último biênio. “Converge agora para a massa popular, ampliando a produção pela produtividade oferecida pelas linhas retas. Não creio em grandes mudanças nessa camada, com exceção de novas texturas que imitem demolição, fibras ou amadeirados”. Segundo ele, nessa camada, as linhas jovens continuam comportadas, combinando cores luminosas com madeirados.

Cada vez mais os consumidores buscam aliar beleza à funcionalidade. Esta é uma tendência que esteve presente em 2007 e vai se manter em 2008. Para Pacard, funcionalidade e beleza cada vez mais estão juntas, e ao que apontam as tendências internacionais, este caminho deve crescer ainda mais. “Prato cheio para o design e exigência de talento para que não se confunda liberdade de criação com abuso do ecletismo”, disse. Nesse sentido, para a designer de produto, especialista em mobiliário e coordenadora do núcleo de produto da Apdesign do RS, Rhita Braga, hoje existem mais recursos e maquinários que possibilitam ferragens mais sofisticadas e com isso mais funcionalidade ao móvel aliado a um bom design. “Isso deve virar uma regra”, prevê.

Os elementos naturais estarão cada vez mais presentes no mobiliário. Ritha informou que a tendência para 2008 em mobiliário, está intrínseco ao comportamento do homem moderno, o qual está rodeado de avanços tecnológicos porém deseja encontrar-se com seu passado e suas raízes. “Elementos naturais estarão cada vez mais presentes, seja em aplicações artesanais ou em elementos artificiais, os quais nos remetam a sensações naturais. A valorização do feito à mão, do toque as peças artesanais à madeira de demolição ou outras imitações, vidros com estampas florais ou imitações de crochê estarão em evidência nesse próximo ano”, informou a designer.

Cores

O tabaco, branco e maple não estarão mais em evidência em 2008, mas novos padrões devem surgir. Para a Ritha, como essas tonalidades já são absorvidas pelo mercado, poderia dizer que ainda faz parte da cartela de cores, mas não com tanta ênfase como um dia já esteve, pois surgiram novos padrões inspirados nesses padrões. “As novas cores e tonalidades vem com brilho. Como novidade apontaria o carvalho americano, que natural ou tingido, nos oferece uma gama de cores diferenciadas do que tínhamos até agora”, informou.

Segundo Ritha, é difícil falar de cor porque existem vários estudos que apontam que as tendências começam pela indústria automobilística - que é indústria que mais investe em pigmento de cor - depois passa para cosméticos, moda, móveis e decoração. “Fique sempre atento a lançamentos de carros e cores”, disse. Na linha de cozinhas, 2007 foi marcado pelas cores vibrantes que voltaram a aparecer. Verde, laranja e vermelho estiveram presentes nas cozinhas brasileiras. Para o próximo ano, Rhita aposta em tons mais neutros porém com brilho ou detalhes em brilho.

O designer Paulo Cardoso, citado anteriormente, disse que devem surgir novos padrões inspirados no antigo, como a Peroba, Canela, imbuia lavada, louro, dentro das madeiras nacionais, bem como o carvalho e padrões africanos podem oferecer opções no padrão de texturas. “Há também uma evocação ao bambu, que vem aparecendo timidamente, mas já está presente nos pisos em forma de estampa, e aos poucos os painéis desta gramínea, naturais, têm espaço para desafiarem o império das tropicais”. Além disso, Pacard informou que madeiras pálidas, que lembram antigos lavados, podem oferecer opções de estampas aos fabricantes de melamina. “Estes padrões são de fácil composição decorativa e de extremo bom gosto”, disse.

Matéria-prima

O designer Paulo Cardoso aposta que a matéria-prima em evidência em 2008 será o MDF, com forte pressão para o uso do MDP, e cada vez menos madeiras tropicais. Para ele, as fibras também deverão crescer, sejam naturais, sintéticas, ou mesmo em estampas. Aço e vidro também estarão presentes em percentual equilibrado com o que há hoje.

A designer Rhita Braga também aposta no vidro como material em evidência no próximo ano, com muitos recursos de pinturas e texturas. Para ela, toques artesanais estarão presentes no mobiliário dos brasileiros. “A madeira de demolição ou materiais semelhantes que imitem veios e nós da madeira, toques artesanais, fibras, palhas, couro ou sintéticos, são tendências para 2008”, finalizou.


Dayane Albuquerque - Portal Moveleiro 
(18/Dezembro/2007)


terça-feira, janeiro 11, 2011

O candidato gago
Pacard

Durante alguns anos, fui o responsável pela redação e direção dos programas políticos para o horário eleitoral, durante o periodo que antecede às eleições municipais, em Gramado. Minha tarefa consistia em juntar informações, coletar idéias, examinar com cuidado a Lei Eleitoral, conhecer os candidatos a vereador e prefeito, e de acordo com a orientação do programa dos partidos das coligações, sincronizar isso tudo num espaço onde o principal instrumento era o cronômetro e a Lei. Daí com isso tudo em mãos, eu tinha ainda que trabalhar a comunicação de forma a atingir determinado grupo  de eleitores, direcionando as mensagens, de acordo com o resultado das pesquisas internas sobre a situação dos candidatos. Além disso precisava monitorar todos os passos dos oponentes, gravar programas de rádio, enviar agentes disfarçados aos comícios com gravador escondido para "pescar" possiveis deslizes dos opositores.
Além dos candidatos a prefeito e vice, eu tinha que trabalhar individualmente com todos os candidatos a vereador da coligação, que às vezes chegavam a casa das dezenas. Então tudo tinha que ser corrido, pois o estúdio era alugado e servia também á oposição. Houve uma vez em que o mesmo técnico de som atendia aos dois concorrentes, e era filiado a um partido, oponente ao nosso. Mas como eu confiava no caráter dele ( e não joguei confiança fora por isso, pois ele era um profissional honrado), deixava que continuasse conosco. 
Todo tipo de canditado aparecia. os entusiasmados. Os tranquilos. Os metodicos, os apaixonados, os tímidos, e também..os gagos. Pessoas de grandes qualidades políticas, cidadãos honrados, mas que tinham dificuldade de expressão vocal. E isso atrapalhava um pouco as gravações. Mas a gende dava um jeito de ajudar. A tecnologia favorecia nos ultimos tempos, através de programas que permitem modular a voz, as falas, etc.
Um destes personagens, que por evidencia óbvia, vou declinar o nome, era uma pessoa muito querida da sua comunidade e um aspirante ao cargo de vereador. Mas gago. Muito gago. E apareceu no dia e hora marcados para sua gravação com um texto pronto na mão. E como era necessário, eu corria os olhos no texto para evitar que meus clientes pagassem mico tanto com o eleitor, quanto com a Justiça. E nessa breve leitura, mantendo o escopo do texto, modifiquei algumas palavras para dar mais clareza à fala. Foi o suficiente para deixar o rapaz nervoso, pois ele havia ensaiado essa fala por horas a fio e minha alteração quebrou o caminho de sua leitura. Mas era educado e reconhecendo seu nervosismo, pediu que tivéssemos paciencia. 
Colocamos então o microfone e ele começo a ler o texto. Mas não saía. E quanto mais lia, mais nervoso ficava e mais gaguejava. Isso acontece com todo, até comigo. Mas no caso dele era patológico. E a gravação estava atrasada naquele dia. Foi então que disse ao operador de áudio: "Me dê dois microfones. Um para mim e um para o meu amigo aqui".
Dois pedestais, dois microfones abertos, e tal como uma dupla de cantores, olhei para ele e disse: "Tudo o que eu fizer, você faz. Se eu levantar a voz, você levanta. Se eu me emocionar, você se emociona. Se eu respirar, você respira. Repita tudo oq ue eu disser, do jeito que eu disser". Ele concordou, aliviado. Fiz então um sinal ao operador, e começamos. Eu dizia uma frase e parava. Ele repetia. Se havia continuidade, eu dava intonação de continuidade. Se havia ponto, eu pontuava no tom de voz. Gravamos tudo. Quando terminamos, ele pediu para ouvir. Eu neguei e disse: ouça amanhã, quando for ao ar.
Quando terminamos as demais gravações, tomamos um bom café e voltamos ao estúdio. Foram mais de duas horas para editar cerca de quarenta e cinco segundos. Mas editamos. O Soud Forge permite que se faça uma "costura" com os sons. Foi o que fizemos. Devo ao operador de som, Daniel Schmitt, o sucesso por aquele trabalho especifico. Ficou perfeito. No dia seguinte, foi ao ar e ninguém percebeu que o candidato não havia gaguejado uma única vez naquele programa politico. Não foi eleito, mas sua estima foi às  nuvens.