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terça-feira, agosto 03, 2010

"Em cada lugar que ia, via uma casa vazia, e dentro de cada casa vazia, encontrava a si mesmo, indelével, vazio"
Um último gole de chá, já quase levantando, e depois, apressada e delicadamente apanha o guardanapo com as iniciais dela bordadas em branco sobre seda branca, limpa o canto da boca, e devolve o pano à mesa e sai com mais pressa ainda.
Não soubera, ou não quisera suportar a pressão, nem conhecer seus limites no desafio da convivência dos anos. E ela se foi. Sozinha, Sem olhar pra trás. Ele ficou.
A casa vazia, antes movimentada, ora pelas conversas, ora pelas visitas, ou ainda mesmo que pelas brigas cada vez mais constantes nos últimos tempos, agora permanece numa solidão enlouquecedora, num silêncio ensurdecedor. Num vazio devastador.
Ele caminha a passos largos pela campina gelada, segurando firme em uma das mãos a mala rota, e na outra, leva o sobretudo dobrado. Apressadamente. Caminha rumo ao distante horizonte e não vê mais que dois infinitos: às suas costas, o infinito do passado. Uma casa vazia, deixada vazia. À sua frente, o infinito da incerteza, da solidão. E por esta campina andous horas intermináveis. Via pessoas sem rosto, sem nome, sem rumo. 
Em cada lugar que ia, via uma casa vazia, e dentro de cada casa vazia, encontrava a si mesmo. Indelével, vazio. Via sua solidão.
Serenamente continuou a caminhar. Na mão esquerda, uma mala rota. Na direita, um casaco. Aos seus péus, um mundo por descobrir. Um caminho para andar. Uma vida inteira à sua espera.

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