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segunda-feira, outubro 04, 2010

O Bobo da Corte
Pacard


O Brasil dormiu rindo e acordou estupefato. Esperava-se uma lavada de votos de Dilma sobre Serra, porque nisso apostavam os institutos de pesquisa. Lêdo engano. Erraram já outras vezes,e vão errar tantas mais quantas forem as vezes em que direcionarem pesquisas de acordo com suas preferências eleitorais. Mas o Brasil acordou com um ar de interrogação. Quem se julgava invencível, viu que não é. A quem se julgava inapto,  deu-se crédito e eleitos foram. Quem resolveu brincar com seu voto,o fez com a maior seriedade possivel. Palhaço por palhaço, chamaram um profissional. Votaram num palhaço para mandarem um recado aos demais, dizendo: "Olhem aqui, palhaços! Quantas vezes brincaram com nossas vidas! Quantas vezes fizeram chacota com nosso dinheiro, com nossos destinos, com nossa segurança, com nossa educação, com nossa saúde, que desta vez achamos que gostariam de provar de seu próprio cálice! Mandamos um palhaço de verdade para ensiná-los a fazer o povo rir como se deve!".
O povo de São Paulo teve uma oportunidade imperdível: jogar lama na classe político. Elegeram um palhaço profissional. Que me perdoe pela rudeza das palavras o nobre Deputado eleito, Tiririca. Aproveite a fama nessa outra vereda, pois você é com certeza a próxima vítima do esculacho interno. O povo não te elegeu porque te ama apenas, mas te enviou numa missão sagrada, quixotesca e suicida: você é a virgem enviada para aplacar a ira dos deuses sedentos de vida, porque são deuses mortos.  Você é o bufão, o bobo da corte, aquele indivíduo que fazia mirabolantes malabarismos e se fazendo de doido, dizia tudo o que o povo pensava ao rei, e saia de glorioso, aplaudido pela majestade.
O povo te conclamou, Tiririca, para rir da cara da classe política. te chamou para que vás vestido de palhaço ao Congresso Brasileiro e lá erres a gramática, porque só rindo assim perceberão, talvez, os que são filólogos naquela arena, os que são eruditos e os que são eloquentes, que o povo não consegue mais compreender os ruidos que saem daquele lugar. Só rindo de ti, perceberam que nada mais és do que um espelho da sociedade brasileira, antes turvo pelas "maracutaias", e agora na limpidez de teus gracejos, enfrentes os majestosos titãs da política brasileira, do alto de uma tribuna.
Serás devassado pela mídia. Enriquecerás ainda mais os que, como tu, fazem do humor a arma de protesto e o alarme do estado crítico da classe política. Você entrou no fogo e não há como não sair chamuscado disso. Porém, se um homem do povo foi capaz de, também falando trôpego, se auto proclamar o maior estadista como nunca antes, nada te impede de dar uma avalanche de tapas de luva, te preparando, te cercando de gente séria sintonizada no coração dos que colocaram naquela tribuna, possas mostrar que a sinceridade com que dizes nada conhecer de ppolítica, também possa se educar para envergonhar os eruditos.
Eu não votei em ti. Não votaria nestas circunstâncias, pois não acredito em achincalhes com o poder que emana do povo. Mas também nada me impede de reescrever este chamado à consciência, não apenas dos que te elegeram, como daqueles a quem foi dado o recado, se fores capaz de fazer reverter este pré conceito que fomos educados a ter dos que se dizem políticos, mas que são na verdade rufiões e energúmenos parlapatães em nome da gente boa deste país.
O Brasil que vota em palhaços é sim um país sério e é tão grande esta seriedade, que é capaz de colocar um dos seus entre eles, mesmo que lhe custe a honra ou algo mais.

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