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segunda-feira, junho 21, 2004

A diferença dos iguais
Paulo Cardoso – Designer
www.pacard.com.br

O século XXI, pensávamos nós nos anos 70, seria muito diferente do que é. Ou melhor, o início deste século começou muito diferente do que pensávamos, poderia ser. Achávamos que seria marcado pelas viagens a outros planetas como uma coisa corriqueira. Não é. Imaginávamos que todos se vestiriam como os “Jetsons”. Não se vestem. Acreditávamos que as casas seriam inteligentes, acionadas por comando de voz, e até do pensamento. Não são (a casa do Bill Gates, de 60 milhões de dólares não pode ser levada em conta). Acreditavam os otimistas que a medicina encontraria a cura para o câncer. Não encontrou. O que aconteceu foi que proliferaram novas espécies de doenças, inclusive de câncer. O pensamento otimista e futurista daquela década ficou a nos dever muito.
Claro, que coisas acontecem em nossos dias quem nem os mais brilhantes visionários dos anos 70 poderiam imaginar: a internet, a clonagem, a transformação do Lula, a queda do comunismo, a capitalização desenfreada da China e clubes como o Flamengo, Grêmio e Palmeiras, perdendo espaço para o 15 de novembro, o Ponte Preta e o Cacimbinhas F.C.
Tudo isso, soma-se a outros bilhões de bits que a informação cibernética derrama a cada instante em nossas inábeis mãos em prover informações a devolver ao teclado, chegando a travar com uma das novas e imprevistas enfermidades: a tendinite.
As horas do dia são as mesmas, mas os dias são mais curtos. O mundo continua do mesmo tamanho, mas os espaços diminuíram. As distâncias continuam as mesmas, mas o tempo entre elas ficou mais curto. Os homens continuam os mesmos, mas estão muito diferentes. As multidões ainda são multidões, mas a solidão aumenta a cada dia. A globalização está tornando as pessoas cada vez mais iguais, e ao mesmo tempo tão carentes de suas diferenças. Isso porque somos únicos no universo de bilhões. Nossa dor continua sendo pessoal, como os sentimentos são íntimos. Então, buscamos nosso elo perdido: o elo de nossa individualidade. E onde poderemos encontrá-lo, senão dentro de nós mesmos e das janelas dentro de nós que podem se abrir para o mundo que podemos ver do jeito que desejarmos e na intensidade que pudermos ver?
O design é isso tudo: nossas janelas e nossa identidade. Pode ser pupular, pode ser seriado, mas será sempre individual. Supramos então este mundo com o sabor de suas diferenças, e isso façamos através do design. Cores, formas e essência, iguais para muitos, individuais para cada um.

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